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Lucas Souza/Porteira Adentro

A massa de ar frio e de maior pressão atmosférica que foi responsável por três dias seguidos com mínimas de um dígito no Rio Grande do Sul, com 5ºC em São José dos Ausentes, e 2ºC de mínima no Planalto Sul Catarinense com geada, se afastou e dá lugar mais uma vez ao ar tropical quente e úmido que é típico da estação.

Com isso, o padrão típico do verão de sol, calor e chuva de verão que marcou o final de janeiro e o começo deste mês retorna ao Rio Grande do Sul e ao restante do Sul do Brasil, devendo predominar no restante desta semana. A exceção é o Extremo Sul gaúcho que, por influência de um cavado, tem instabilidade a qualquer hora do dia desde ontem e com altos volumes na região do Chuí e de Santa Vitória do Palmar.

Estas pancadas isoladas de chuva nos próximos dias devem afetar principalmente o Sul, o Oeste, o Centro, o Noroeste e o Norte do Estado. Entre a Grande Porto Alegre, a Serra e o Litoral Norte, apesar de não se afastar chuva passageira após horas de sol e calor em alguns dias, a instabilidade será menos freqüente na comparação com as demais regiões do Estado.


Diferentemente de uma frente fria, que é um sistema meteorológico que se estende por centenas de quilômetros e costuma trazer chuva mais generalizada, estas instabilidades convectivas geradas pelo calor e a umidade são formações locais que ocorrem mais da tarde para a noite.

Não é chuva que vem da Argentina ou do Uruguai, mas que se forma na própria região. E, pela sua natureza, são formações isoladas ou muito isoladas. Por isso, parte de uma cidade pode ter um verdadeiro “dilúvio” com chuva de 50 mm a 100 mm em apenas uma hora e a poucos quilômetros, não raro dentro da mesma cidade, uma gota sequer cai e ainda por cima o sol segue brilhando. É o que se espera nos próximos dias.

Estas formações isoladas que podem trazer chuva forte às vezes chegam com vento forte e queda de granizo, afinal são geradas por nuvens carregadas de grande desenvolvimento vertical e cujos topos alcançam grandes altitudes. Em dias de muito calor, especialmente com máximas acima de 35ºC, cresce o risco destas pancadas de chuva trazem junto tempestades com vendavais ou granizo.

É importante assinalar, e não nos cansamos de reiterar, que estas ocorrências de tempo severo, seja por chuva extrema ou temporais, tendem a ser predominantemente isoladas e que não é possível prever que pontos exatos podem ser afetados com grande antecedência, mas apenas delimitar as regiões de maior risco. Não raro tempestades severas nesta época do ano atingem apenas parte de uma cidade, na escala de bairros, sem causar qualquer transtorno em outros pontos do mesmo município.

O mesmo ocorre com eventos de chuva muito intensa a extrema de curta duração. A probabilidade de ocorrência destes eventos de chuva extrema pode ser antecipada dias ou horas antes, mas não é possível antever quais cidades serão afetadas porque eventos bastante localizados. Em municípios de maior dimensão territorial, neste tipo de situação, não raro se observa chuva muito volumosa em um temporal em parte da cidade e em locais não muito distantes dentro da mesma cidade pouco ou nada de chuva.

Os modelos numéricos que geram projeções de volumes, ademais, não conseguem prever exatamente tais eventos de chuva extrema isolados, por isso prevêem volumes de 15 mm a 20 mm para um dia em determinado município e no fim, por um temporal, acaba chovendo 100 mm. Os meteorologistas que enxergam o cenário macro da atmosfera é que conseguem alertar para este risco de eventos porque não se limitam a observar projeções numéricas de chuva de modelos, atentando para as condições gerais da atmosfera que sinalizam o risco de episódios localizados extremos de precipitação.

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