A argentina Celeste Saulo, a primeira mulher e primeira sul-americana a liderar a Organização Meteorológica Mundial (OMM/WMO), deseja priorizar os países mais vulneráveis diante da acelerada mudança climática e do aumento de fenômenos climáticos extremos.
“A mudança climática é a maior ameaça global do nosso tempo, e o aumento da desigualdade agrava seus impactos”, declarou Saulo em um comunicado divulgado na quinta-feira para anunciar sua posse como secretária-geral da agência da ONU.
“Vindo do Sul Global, tenho plena consciência da necessidade de esforçar-me para priorizar as necessidades dos mais vulneráveis”, para que esses países possam desenvolver sua resiliência frente aos fenômenos extremos relacionados ao clima, tempo, água e meio ambiente, acrescentou.
Saulo afirmou que muitos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais carecem de recursos e insistiu que “mesmo um pequeno aumento no investimento gera benefícios socioeconômicos enormes para nossas comunidades”.
A nova chefe da OMM, sucedendo ao finlandês Petteri Taalas, foi eleita em junho passado, vencendo facilmente sua principal concorrente, a candidata chinesa. Saulo liderava desde 2014 o Serviço Meteorológico Nacional argentino e era a primeira vice-presidente da OMM.
A argentina “liderará” as atividades realizadas pela comunidade meteorológica mundial sob a égide desta agência “para transformar o conhecimento científico nos melhores serviços possíveis para a sociedade”, acrescentou o comunicado.
Grande parte do trabalho da OMM envolve utilizar e compartilhar o trabalho das agências meteorológicas nacionais sobre gases de efeito estufa, nível do mar, temperaturas, derretimento de geleiras e outros indicadores das mudanças climáticas.
Recentemente, a organização estabeleceu como prioridade garantir que toda a população mundial esteja coberta por sistemas de alerta precoce para riscos meteorológicos até o final de 2027. Os Estados membros da OMM também aprovaram no ano passado a criação de uma “Vigilância Global de Gases de Efeito Estufa” para contabilizar tanto os sumidouros naturais desses gases quanto os relacionados às atividades humanas.
“Acabamos de viver o ano mais quente já registrado e 2024 pode ser ainda mais quente e extremo, uma vez que os efeitos do atual episódio de El Niño se farão sentir plenamente nas temperaturas e nos fenômenos meteorológicos”, indicou Saulo na quinta-feira. “Atividades humanas e industriais são claramente as responsáveis”, afirmou.