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Chuva localmente volumosa a excessiva deve provocar pontos de alagamentos e até de inundações no Leste de Santa Catarina pelo fluxo de umidade que vem do mar e interage com o relevo da Serra | ROBERTO ZACARIAS/SECOM SC/ARQUIVO

A MetSul Meteorologia adverte que a chuva deve ganhar força nas próximas horas em diversos setores do Leste do estado de Santa Catarina com acumulados muito altos a excessivos em curtos intervalos, o que pode gerar alagamentos e inundações com risco de deslizamentos de terra e queda de barreiras.

O tempo já se encontra bastante instável desde cedo nesta quarta com muitas nuvens, chuva e garoa em vários locais. A instabilidade se concentra principalmente no Leste de Santa Catarina, que recebe umidade que vem do mar, interagindo com o relevo da Serra para gerar precipitação.

Dados de estações meteorológicas mostram que já choveu forte em algumas cidades de Santa Catarina entre a madrugada e a manhã desta quarta-feira com acumulados altos para um período de apenas 12 horas.

Estações meteorológicas da Epagri-Ciram indicaram apenas entre a madrugada e o final da manhã desta quarta, assim em apenas 12 horas, volumes de 71 mm em Balneário Barra do Sul, 70 mm em Florianópolis (Sul da ilha) e 66 mm em Itajaí.

No decorrer das próximas horas, as precipitações se intensificam no Leste catarinense com alto risco de chuva localmente forte a torrencial em pontos do Litoral Norte, da Grande Florianópolis e do Sul catarinense, especialmente em setores próximos de morros.

O mapa abaixo mostra a projeção de chuva acumulada do modelo de alta resolução WRF para 72 horas no Sul do Brasil em que se observa a possibilidade de volumes de 100 mm a 200 mm, e isoladamente superiores, no Leste de Santa Catarina e também na costa do Paraná. Pontos isolados do Litoral Norte gaúcho também podem ter chuva por vezes forte.

METSUL

A chuva volumosa mais a Leste do Sul do Brasil é de natureza orográfica. A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento, ao encontrar a barreira do relevo da Serra do Mar, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa à medida que ascende na atmosfera com camadas mais frias.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Em um exemplo bem didático e simples de entender. O que acontece se você chega na frente de um espelho e soltar ar da sua boca? O espelho que tem uma superfície mais fria vai ficar embaçado (úmido) e molhado.

Com a chuva orográfica ocorre o mesmo. O ar mais úmido e quente (analogia com ar que sai da boca) encontra um obstáculo físico que é o relevo (como o espelho) e ao chegar nesta barreira que são os morros sobe na atmosfera e encontra temperatura mais baixa, condensando-se o vapor de água e formando chuva.

Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação localmente muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os litorais de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro são os de maior risco de eventos de chuva extrema de natureza orográfica no Brasil.

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