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Chuva no Rio Grande do Sul vai seguir. Lajeado volta a sofrer com enchente meio anos após as grandes cheias históricas do Rio Taquari do segundo semestre de 2023. Rios devem subir ainda mais com perspectiva de chuva intensa a extrema nos próximos dias. | AGEU KEHRWALD

O Rio Grande do Sul volta a viver o drama das águas com cidades inundadas, enchentes com rios transbordando, mortes e estragos, repetindo as cenas do segundo semestre do ano passado que marcou o auge do evento do El Niño de 2023-2024 e que foi responsável por inundações de proporções históricas no estado.

O cenário é muito complicado com a perspectiva de mais chuva se somando ao que já choveu, o que fará a situação no estado crítica com prejuízos materiais consideráveis e elevado risco de perdas de mais vidas humanas, adverte a MetSul Meteorologia.  

Os acumulados de chuva em 96h até o fim da tarde de hoje em várias cidades gaúchas eram extremos e mesmo extraordinários em alguns municípios com acumulados em apenas quatro dias acima de 400 mm. Os pluviômetros do Cemaden indicavam 448 mm em Segredo, 410 mm em Lagoa Bonita do Sul, 371 mm em Faxinal do Soturno, 329 mm em Santa Maria, 318 mm em Cachoeira do Sul, 313 mm em Candelária e Nova Palma, 312 mm em Arroio do Tigre e 310 mm em Lajeado.

Muitas cidades acumulavam entre 200 mm e 300 mm do Centro para o Leste do estado, como quase toda a Grande Porto Alegre que está com 200 mm a 250 mm. Até o final da tarde havia chovido desde o fim de semana 246 mm em Sapucaia do Sul, 236 mm em Canoas, 229 mm em Gravataí, 203 mm em Viamão, 200 mm em Novo Hamburgo, e 183 mm em Eldorado do Sul e Alvorada. São volumes equivalentes a dois meses de chuva em apenas quatro dias.

Na rede do Instituto Nacional de Meteorologia, os volumes em 96h até o fim da tarde somavam 287 mm em Santa Maria, 279 mm em São Gabriel, 271 mm em Bento Gonçalves, 237 mm em Canela, 226 mm em Caçapava do Sul, 215 mm em Rio Pardo, 206 mm em Campo Bom e 203 mm em Porto Alegre.

Os números deixam claro. Estamos diante de um evento excepcional de chuva no Rio Grande do Sul, favorecido por uma situação climática fora do comum na América do Sul com uma massa de ar quente incomum para esta época do ano sobre os estado do Centro do Brasil.

O que já é grave vai piorar. O cenário que enxergamos na MetSul Meteorologia, sem meias palavras, deve evoluir para extremamente grave. Várias cidades devem enfrentar situação de calamidade a desastre. Em locais em que já choveu 200 mm a 400 mm, os dados de modelos numéricos indicam mais 150 mm a 300 mm ou mais até sábado.

O mapa abaixo mostra a projeção de chuva do modelo WRF incializado com o modelo europeu para 72 horas entre 9h de hoje e 9h de sexta.

METSUL

Isso faria com que em só uma semana os acumulados em parte do estado fiquem entre 500 em 700 mm, considerando que já choveu 300 mm a 450 mm em vários municípios. Para se ter ideia do que estes números representam, em apenas uma semana parte do território gaúcho deve ter mais chuva do que costuma cair, em média, em todos os meses do outono somados. Mais do que isso, algumas cidades devem ter um terço do que chove em um ano inteiro em uma semana.

Mapa do Global Flood Awareness System (GloFAS), sistema de monitoramento de enchentes no mundo da União Europeia, que utiliza dados de modelos meteorológicos e hidrológicos, projeta alto risco (vermelho) para a maioria dos rios do estado e risco extremo (púrpura) para as bacias dos rios Jacuí, Ibicuí e Vacacaí. | COPERNICUS

A tendência é de agravamento do quadro com mais chuva intensa nesta segunda metade da semana porque o estado estará entre forte massa de ar frio na Argentina e massa de ar excepcionalmente quente sobre o Brasil, o que reforçará a instabilidade com uma frente fria.

O ar quente, que hoje elevou a temperatura a 35ºC no Noroeste gaúcho, provocará máximas jamais antes vistas em maio nos próximos dias no Sudeste do Brasil com tardes até 10ºC mais quentes que o normal do mês. Já o ar frio trará frio intenso na Argentina com muita neve nos Andes. O ar frio avança sobre o estado e será mais sentido na sexta com amanhecer de mínimas baixas na Campanha e no Sul, e máximas menores à tarde.

O contraste térmico e o avanço da frente fria na quinta reforçam a instabilidade com chuva forte especialmente na Metade Norte, onde estão as nascentes dos rios que cortam os vales e já saem do leito. A chuva em várias regiões entre esta quarta e a quinta torna a ser torrencial com altos volumes em curto intervalo, o que pode gerar inundações repentinas. Há risco ainda de temporais isolados de granizo e vendavais, principalmente do Centro para o Norte do estado na quinta durante o avanço da frente fria.

Modelo WRF sugere alto risco de temporais no começo da quinta-feira com o deslocamento da frente fria pelo Centro e o Norte do Rio Grande do Sul | METSUL

Assim, a chuva no Rio Grande do Sul não dá trégua e prossegue nesta quarta de feriado com a aproximação da frente fria. Haverá pancadas fortes a torrenciais durante o dia em diversas localidades, especialmente do Noroeste, Oeste, Centro, Sul e o Leste do estado. Outra vez os acumulados em alguns municípios podem ser muito altos em curto intervalo, com raios e fortes trovoadas. São previstos momentos de melhoria e, no Norte e Nordeste do estado, até aberturas.

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