Um ciclone extratropical de força incomum e potencialmente recorde é registrado agora na Antártida. A violenta tempestade com valores de pressão atmosférica raríssimos para um ciclone em qualquer parte do planeta ocorre sobre o Mar de Amundesen, no Oeste da Antártida e a Sudoeste da península antártica, portanto no setor do continente gelado mais voltado para a América do Sul.
A frente fria associada a este poderosíssimo ciclone podia ser vista nas imagens de satélite se deslocando para o Norte e atingindo o extremo Sul da América do Sul, a região de Magalhães, no Chile, e a província da Terra do Fogo, na Argentina, mas sem fenômenos extremos na zona e tampouco alertas por parte dos serviços meteorológicos argentino e chileno.
Uma estação meteorológica da Universidade de Wisconsin instalada na Ilha de Thurston, no Oeste da Antártida, a 225 metros de altitude, registrou pressão atmosférica no começo da segunda-feira de 888,8 hPa e uma pressão ao nível do mar de cerca de 915 hPa.
Considerando que a estação estava longe do centro do ciclone, a pressão mínima no centro do ciclone extratropical provavelmente era inferior a 900 hPa, o que é extremamente raro em qualquer lugar do mundo. Os dados finais podem indicar uma quebra do recorde de menor pressão na Antártida de 1993.
Thurston Island, onde está a estação, é uma ilha coberta de gelo com 215 quilômetros de comprimento e 90 quilômetros de largura e 15.700 km2 de área, situada a uma curta distância da extremidade noroeste de Ellsworth Land, na Antártida. É a terceira maior ilha da Antártida, depois da Ilha Alexander e da Ilha Berkner.
A advecção de ar quente e úmido pelo ciclone extratropical em seu flanco Oeste trouxe altas temperaturas nas últimas horas em diversas estações meteorológicas situadas na península antártica com valores acima de 0ºC em diversos pontos.
Para se ter uma ideia de quão raro é pressão abaixo de 900 hpPa, o recorde de menor pressão em um ciclone pertence ao supertufão Tip de outubro de 1979, no Pacífico Oeste, com 870 hPa. No Atlântico Norte, o furacão que teve menor pressão atmosférica central até hoje foi Wilma com 882 hPa no Golfo do México, em outubro de 2005.
O ciclone, embora violento, não terá impacto direto no tempo do Brasil. Está muito ao Sul do extremo Sul do continente, na região junto ao continente antártico, e a tendência é que a sua pressão central comece a se elevar, logo enfraquecendo. Ademais, há dois grandes centros de alta pressão, um na costa do Chile e outro na costa da Argentina, que estão determinando o tempo mais ao Sul da América.