Vento Zonda muito seco e quente atingiu neste sábado a Argentina e causo estragos. As intensas rajadas de vento atingiram principalmente as províncias de La Rioja e Catamarca com danos em alguns pontos. A localidade mais atingida foi a de Vinchina, em La Rioja, onde a ventania derrubou 50 postes de energia de média e baixa tensão.
O governo da província declarou emergência energética para restabelecer a luz nas áreas mais afetadas com a reposição de postes e transformados danificados pelo vento. A empresa Edelar convocou profissionais de outras regiões para reforçar as equipes que vão trabalhar no restabelecimento da energia.
? ASI FUE EL VIENTO ZONDA EN VINCHINA QUE DEJÓ SIN ENERGÍA A TODO EL PUEBLO
Sucedió en la tarde de este sábado. El viento derribó cerca de 50 columnas del tendido eléctrico. El otro departamento afectado es Villa Castelli. El gobierno Pcial declaró la emergencia energética pic.twitter.com/fasYmzBJ2B
— Impactorioja (@impactorioja) July 24, 2021
A região castigada estava sob alerta nível laranja do Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) até o final deste sábado ante a probabilidade de ocorrência de fortes a intensas rajadas do vento Zonda.
O que é o vento Zonda
O Zonda é um vento típico do Oeste argentino e se caracteriza por ser persistente e com intensas rajadas. É muito quente e extremamente seco, não raro reduzindo a umidade relativa do ar a valores até abaixo de 5% a 10%. O Zonda descende das montanhas dos Andes e sua direção predominante é de Oeste.
Ocorre em regra quando há instabilidade no outro lado da Cordilheira dos Andes, no lado chileno da cadeia montanhosa. Rajadas acima de 100 km/h podem ocorrer e costumam ocorrer transtornos como falta de luz e destelhamentos, queda de árvores, além de alto risco de incêndios. A temperatura se eleva acentuadamente, especialmente na região de Mendoza.
De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina, o Zonda se produz quando o ar úmido do Oceano Pacífico ascende pela Cordilheira do Andes, deixa a sua umidade no lado chileno e descende no lado argentino com ar muito seco que esquenta rapidamente à medida que descende no setor argentino da cadeia montanhosa.
O SMN enfatiza que pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é mais recorrente entre os meses de maio e agosto. Ainda segundo o órgão meteorológico argentino, é mais comum se dar em horas da tarde que em outros momentos do dia. Às vezes não alcança a superfície e se denomina de “Zonda de altura”.
Fenômeno semelhante ocorre em outras partes do mundo com cadeias montanhosas com diferentes nomes. São os casos do Chinook nos Estados Unidos e no Canadá, Foehn nos Alpes europeus, Canterbury na Nova Zelândia e vento Berg na África do Sul.
Impactos do Zonda nas pessoas
Segundo o SMN, o vento Zonda tem efeitos no ser humano e que são estudos pela chamada Biometeorologia. O vento muito seco e quente, diz o órgão, pode trazer alteração do ritmo cardíaco, irritabilidade, angústia e depressão, o que já foi documentado em diversos estudos em diferentes partes do mundo.
Ademais, existem estudos que apontam um aumento das ocorrências de acidente de trânsito, mortes por enfarte e atos e violência e criminosos. Na Europa, a legislação até considera a ocorrência do vento Foehn, quando do julgamento de delitos cometidos sob a sua incidência.
Rio Grande do Sul tem vento semelhante ao Zonda
O meteorologista da MetSul Luiz Fernando Nachtigall explica que o processo físico que leva ao vento no Oeste argentino é conhecido como aquecimento adiabático em que o ar ao descender a montanha com o forte vento se comprime e aquece, trazendo o calor.
“É o mesmo processo que traz calor durante a noite e madrugada com rajadas de vento Norte em Santa Maria e nos vales do Rio Grande do Sul quando há uma corrente de jato em baixos níveis precedendo uma frente fria ou acompanhando a formação de um ciclone”, destaca Nachtigall.