Vendavais deixaram muitos estragos em pontos de Santa Catarina na chegada da frente fria nesta quinta-feira com danos e transtornos para a população em diversos municípios | DEFESA CIVIL/DIVULGAÇÃO

Vendavais causaram destruição em pontos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na chegada da frente fria. Os estragos se concentraram principalmente em municípios da Metade Norte do Rio Grande do Sul e do Sul e do Leste de Santa Catarina com queda de árvores, desabamentos, colapso de estruturas, quedas de árvores e postes, além da falta de energia elétrica.

No Rio Grande do Sul, no final da tarde, 90 mil clientes ou mais de 300 mil pessoas estavam sem luz em consequência dos temporais com vento forte. Os problemas se concentravam no Oeste, nos vales, no Centro do Estado e na Grande Porto Alegre.

Em Nova Esperança do Sul, o vento forte causou destelhamentos no município. Já na região da Serra Gaúcha, as fortes a intensas rajadas de vento derrubaram árvores em vários municípios e em estradas. Quedas de árvores foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros em diversos bairros da cidade de Caxias do Sul. A queda de um poste de energia elétrica na Rua Jacob Luchesi, no bairro Santa Catarina, atingiu uma mulher que andava pela calçada. A mulher foi socorrida.

Ainda na Serra, no quilômetro 134 da BR-116, em São Marcos, uma queda de árvore atingiu um caminhão que trafegava pela rodovia. O motorista não ficou ferido, mas a circulação de veículos na via chegou a ser interrompida. O temporal também provocou outra queda de árvore que bloqueou o fluxo de automóveis na região de Vacaria, no quilômetro 55 da BR-116.

Em Porto Alegre, até o fim da tarde, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) registrou a queda de 14 árvores pela cidade. Conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), que atende as ocorrências pelo trânsito desde o começo da manhã, a rua Miguel Tostes está totalmente bloqueada após a queda de uma árvore. Houve ainda queda de postes de energia no Sul da capital gaúcha.

Estações do Instituto Nacional de Meteorologia registraram rajadas de 86 km/h em São Vicente do Sul, 75 km/h em Torres, 74 km/h em Passo Fundo, 72 km/h em Santo Augusto e Vacaria, e 71 km/h em Soledade. Em Porto Alegre, as rajadas variaram entre 60 km/h e 70 km/h, conforme dados de diferentes estações meteorológicas monitoradas pela MetSul.

Destruição em Santa Catarina

Graves danos foram registrados em municípios do Sul e do Leste de Santa Catarina pelos vendavais que acompanharam a chegada do sistema frontal ao estado catarinense. Houve estragos e transtornos em municípios como Lauro Muller, Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Criciúma, Içara, Santa Rosa do Sul e Siderópolis.  Florianópolis tinha 12 mil clientes sem luz no fim da tarde.

O intenso vendaval causou danos principalmente em municípios do Sul catarinense com queda de árvores e destelhamentos. Entre os municípios mais atingidos estão Sombrio, Balneário Gaivota e Imbituba. A estrutura de silos de uma propriedade rural sofreu graves danos pela tempestade de vento na região.

Em Balneário Gaivota, o temporal destruiu a estrutura metálica do Mailing Lagoa, considerado o maior clube do Sul catarinense. Uma estrutura do pavilhão de 2400 metros de área , que abriga eventos nacionais o ano todo, ficou completamente retorcida, e a lona da cobertura não resistiu à força do vento. O prejuízo é estimado em um milhão de reais.

Estrutura do Mailing Club, a maior casa de shows do Sul catarinense, veio abaixo com o vento | DIVULGAÇÃO

Em Imbituba, o vento causou estragos no telhado do Ginásio de Esportes Olivar Francisco, no Centro da cidade. Segundo a Defesa Civil Municipal, parte das telhas do ginásio, de alumínio, foi retorcida pela ventania. Não houve feridos. Além do telhado, um outdoor, também na área central, foi derrubado pelo vento, e, uma árvore foi ao chão.

Vendaval causou danos à estrutura do ginásio de Imbituba | DEFESA CIVIL/DIVULGAÇÃO

De acordo com dados da rede da Epagri-Ciram, as rajadas de vento mais forts em Santa Catarina atingiram 105 km/h em Balneário Arroio do Silva, 96 km/h em Imbituba, 89 km/h em Siderópolis, 80 km/h em Araranguá, e 79 km/h em Tubarão. Pontos isolados certamente tiveram velocidades maiores de vento.

Por que os vendavais?

Os vendavais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nesta quinta-feira decorreram do avanço de uma frente fria associada a um ciclone bomba que atua a milhares de quilômetros do Sul do Brasil, nas Ilhas Geógia do Sul. O ciclone não é a causa primária do vento e sim o sistema frontal associado a ele.

Deu-se o encontro de uma massa de ar frio impulsionada pela área de baixa pressão perto da Antártida que avançou da Argentina e do Uruguai com o ar quente que ainda atuava em grande parte do Sul do Brasil, trazido por uma corrente de jato em baixos níveis que era intensa durante a quarta-feira.

O rápido deslocamento da frente que acelerou seu avanço após se intensificar durante a madrugada no Oeste e no Sul gaúcho e o grande contraste de temperatura com uma muito rápida troca de massas de ar contribuiu para que o vento fosse muito forte a isoladamente destrutivo.