A condição atual do Oceano Pacífico Equatorial é de neutralidade, logo sem influência de El Niño ou La Niña. Na região usada para classificar a presença ou não destes fenômenos, a anomalia de temperatura da superfície do mar atual é de +0,2°C, logo no território de neutralidade que vai de -0,4°C a +0,4°C. Já o Pacífico Equatorial Leste, perto da América do Sul, a chamada região Niño 1+2, está com águas mais frias do que o normal e uma anomalia de -1°C.
Pacífico Leste mais frio com neutralidade no Pacífico Central favorece períodos frios pontuais muito intensos no Rio Grande do Sul, especialmente no Sul gaúcho onde é maior a correlação, e reduz a chuva no Centro-Sul do Brasil. A seguir a projeção de chuva trimestral multimodelos até o final de 2018, conforme atualização deste mês de junho.
Dados seguem indicando a possibilidade de El Niño no último trimestre deste ano. A última estimativa de probabilidade da Universidade de Columbia/CPC/NOAA sinaliza uma chance ao redor de 65% de condições Niño no último trimestre de 2018 e começo de 2019.
Apesar disso, ainda não se pode afirmar esta tendência. No ano passado, nesta mesma época, havia modelos indicando entre neutralidade e El Niño para o final de 2017 e o que se viu foi a instalação de um evento de La Niña. Veja o que projetava o modelo climático europeu em junho de 2017 e como a tendência não se confirmou.
Se ocorrer aquecimento maior do Pacífico esse ano será mais tardio do que normalmente ocorre na instalação de eventos de El Niño e que não vai influenciar todo ou a maior parte do inverno. No período final da estação e na primavera se espera um aumento da chuva no Sul do Brasil, mas os modelos que indicam um El Niño não apontam um episódio forte, logo o incremento da chuva pode não ser sustentado e generalizado.
Recordamos que entre março e junho ocorre o que a literatura técnica descreve como “barreira de previsibilidade” em que as projeções ENOS (Pacífico) têm baixa confiabilidade (skill).