A primeira metade de novembro no Centro-Sul do Brasil foi marcada por excesso de chuva no Sul e uma excepcional onda de calor no Sudeste e no Centro-Oeste, repetindo o padrão climático observado ao longo de toda esta primavera de sinais invertidos de precipitação entre o Centro e o Sul do país.
A chuva acumulada apenas na primeira quinzena de novembro no Sul do Brasil ficou entre 100 mm e 300 mm em praticamente toda a região, mas algumas localidades da região registraram somente nos primeiros 15 dias de novembro acumulados entre 300 mm e 400 mm, ou seja, mais de duas vezes a média histórica de precipitação do mês.
Estações meteorológicas registraram entre os dias 1º e 15 de novembro marcas de 300 mm ou mais em cidades como Passo Fundo, Erechim, Santo Augusto, Tangará, Joaçaba, Maravilha, Concórdia, e outras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
No Centro-Oeste e no Sudeste, o que predominou foi o calor com temperatura muito acima dos padrões históricos sob clima mais seco que o normal para esta época do ano. Em Cuiabá, dos primeiro quinze dias de novembro, onze tiveram máximas acima dos 40ºC. Todos os dias entre 6 e 15 de novembro foram de máximas acima dos 40ºC na capital do Mato Grosso.
No Sudeste, a cidade de São Paulo bateu por três dias consecutivos o seu recorde de temperatura máxima para o mês de novembro desde o começo das medições em 1943 e por dois dias seguidos a máxima na estação de referência histórica a máxima atingiu 37,7ºC, apenas 0,1ºC abaixo do recorde absoluto.
E o que esperar desta segunda metade do mês que hoje começa? No Sul, mais do mesmo em se tratando de chuva. A tendência é de precipitação acima a muito acima da média, em especial no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Várias áreas do Paraná devem ter também chuva acima da climatologia, mas os maiores excessos vão se dar nos estados gaúcho e catarinense.
Agora, no começo da quinzena, ocorre um evento de chuva significativo a extremo entre os dias 16 e 18 que responderá por parte expressiva da precipitação prevista para esta quinzena no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em apenas três dias, várias cidades vão ter chuva de 100 mm a 200 mm com acumulados em algumas de 200 mm a 300 mm em 72 horas, o que trará enchentes.
No Centro-Oeste e no Sudeste, a perspectiva, pela análise da MetSul, é de aumento na chuva nas duas regiões, mas haverá muitas áreas que ainda vão se ressentir de chuva abaixo da média, em particular no Mato Grosso e parte de Goiás. A chuva tende a ter um aumento maior em São Paulo, Rio de Janeiro, Centro-Sul de Minas Gerais e parte do Mato Grosso do Sul, embora com enorme variabilidade de volumes. Nestes estados, várias cidades devem ter entre 100 mm e 200 mm nesta segunda metade do mês, aproximando-se ou superando a média histórica mensal.
Este fim de semana dos dias 18 e 19 deve marcar uma mudança no padrão de chuva no Sudeste e parte do Centro-Oeste do Brasil com chuva e temporais de verão frequentes e diários nos estados das duas regiões, o que é o normal nesta época do ano e não se viu na primeira metade do mês.
E a temperatura? O que contribuiu para uma primeira metade do mês abrasadora no Centro-Oeste e no Sudeste foi justamente a chuva escassa. Normalmente, em novembro, não aquece tanto nestas regiões porque a chuva acaba sendo uma moduladora térmica. Quando começa a aquecer demais, logo chove e a temperatura cai.
Uma vez que se antecipa uma segunda metade do mês com chuva muito mais recorrente no Sudeste e em parte do Centro-Oeste, a quinzena será muito menos quente do que a primeira, embora ainda no seu começo, entre hoje e sábado, muitas áreas ainda se ressintam da onda de calor com marcas extremas.
O que vai ocorrer com maior umidade e a presença ainda de ar quente, além de chuva mais frequente, será intenso abafamento. A atmosfera seguirá muito aquecida, mas com o ar mais úmido os dias tendem a ser bastante abafados, em oposição ao tempo muito seco da primeira metade de novembro que lembrava mais setembro.
No Sul, o Paraná segue sendo o estado com temperatura mais acima da média por sua proximidade com o Centro-Oeste e o Sudeste, mas sem grandes extremos por conta de instabilidade frequente. Ocorrem dias de calor, entretanto não devem ser numerosos no período.
No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, marcas menores. Até faz calor, porque é o comum nesta época do ano, mas sem previsão de onda de calor ou períodos quentes longos. Ao contrário, incursões de ar frio que vão atingir a Argentina e o Uruguai devem garantir alguns dias amenos ou agradáveis no Rio Grande do Sul, até com chance de algumas noites frias, e temperatura perto ou abaixo da média.
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