A MetSul Meteorologia alerta que a formação de um ciclone extratropical, que não será intenso, reforçará ainda mais a instabilidade no Rio Grande do Sul. O aprofundamento da baixa pressão que dará origem ao ciclone gerará chuva intensa e tempestades no estado gaúcho. Já a frente fria que se organizará a partir do ciclone pode provocar chuva forte e tempestades entre o Norte gaúcho e o Paraná.
O ciclone se formará a partir de uma área de baixa pressão atmosférica que vai avançar do Paraguai e do Nordeste da Argentina nesta terça-feira para o Sul do Brasil. A baixa pressão se aprofundará, caindo a valores abaixo de 1000 hPa, e ao atingir o oceano dará origem a um ciclone extratropical que não será intenso e não pode ser comparado aos de junho e julho.
O momento mais crítico no Rio Grande do Sul será esta terça, quando a baixa pressão profunda estiver em migração do Oeste para o Leste entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, gerando chuva intensa em várias regiões gaúchas e temporais.
Na quarta, o sistema estará sobre o mar como ciclone e a circulação ciclônica ainda traz chuva nas Metades Norte e Leste do estado gaúcho, mas com volumes menores. Será quando a frente fria avançará por Santa Catarina e o Paraná, com maior intensidade no território catarinense.
O pior no Rio Grande do Sul será amanhã, sobretudo no Oeste, Centro, Sul e o Leste gaúcho com chuva muito forte, capaz de gerar alagamentos e inundações. Haverá pontos que em menos de três horas a chuva pode exceder 50 mm. Várias cidades devem ter só amanhã volumes perto ou acima de 100 mm com 100 mm a 150 mm em alguns locais.
Veja nos mapas a seguir, do modelo meteorológico do Centro Europeu (ECMWF), como a área de baixa pressão vai se deslocar e a chuva prevista com intervalos de seis horas no Sul do Brasil nesta terça-feira e na quarta. Atente como a intabilidade vai aumentar muito no Rio Grande do Sul e será intensa.
Como se vê nos mapas, Porto Alegre e região metropolitana estão entre as áreas de alto risco com volumes muito altos de chuva nesta terça. A chuva deve vir com muitos raios com ocasional granizo e rajadas de vento do quadrante Leste.
A MetSul Meteorologia adverte ainda para o perigo de tempestades localmente fortes a severas nesta terça-feira no Rio Grande do Sul e no Sul e Leste de Santa Catarina a partir do aprofundamento sobre o Sul do Brasil do centro de baixa pressão que dará origem ao ciclone sobre o Atlântico.
Sob ar muito quente, baixa pressão e corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera, o cenário se tornará extremamente favorável a temporais, localmente fortes a severos de vento e granizo, com potencial de causar danos em algumas cidades.
A atmosfera estará excepcioalmente quente sobre o Brasil, o que trouxe máxima ontem de 40ºC em onze estados (PR, SP, MS, MT, MG, SP, RJ, BA, GO, TO, PI e MA) de todas as cinco regiões do país. Podem ocorrer vendavais isolados fortes e granizo de variado tamanho que, isoladamente, pode ser grande. Haverá ainda altíssima frequência de raios.
Os volumes de chuva são outra preocupação. Pode chover muito até quarta no Nordeste gaúcho, onde estão as nascentes de rios como Taquari, Caí, Sinos, Gravataí e Paranhana, mas não haverá cheias do porte do começo do mês. Veja no mapa os acumulados de chuva até 21h de quarta-feira pelo modelo europeu.
E o vento? Serão dois momentos. Na terça, no aprofundamentod da baixa pressão, e na quarta com o ciclone já formado. A formação do ciclone vai trazer vento do quadrante Norte moderado a forte nesta terça no Noroeste e no Norte gaúcho, no Oeste e Meio-Oeste catarinense, no Oeste do Paraná, no Mato Grosso do Sul e no interior paulista. No Leste gaúcho, o vento forte amanhã será de Leste a Nordeste.
Na quarta, com o ciclone na costa, a área da Lagoa dos Patos, o Sul da Grande Porto Alegre, Leste da Serra Gaúcha, Litoral gaúcho, Planalto Sul Catarinense e a costa catarinense podem ter, em média, rajadas entre 60 km/h e 80 km/h, mas com picos de 80 km/h a 90 km/h em alguns setores da orla e até de 100 km/h ou mais nas montanhas da Serra do Mar. Haverá queda de árvores e prováveis cortes de energia.
O vento Sul preocupa muito na área de Porto Alegre porque deverá ser intenso (70 km/h a 90 km/h) no setor Norte da Lagoa dos Patos, represando fortemente o Guaíba horas depois de muita chuva na área da capital. A MetSul considera extremamente preocupante o cenário do Guaíba.
O nível segue muito alto e atingia na manhã desta segunda 2,75 metros, terceira maior desde a enchente de 1941. Com chuva volumosa na capital, aumento de vazão de raios, represamento pelo nível muito alto da Lagoa dos Patos e represamento adicional por vento Sul intenso no meio da semana, a cheia do Guaíba pode evoluir para cotas muito crítícas. O risco de atingir os 3,00 metros da cota de transbordamento no Cais Mauá (Centro) não é descartado.