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Um ciclone atípico de natureza subtropical se forma na noite deste sábado no Sul do Rio Grande do Sul, onde a pressão atmosférica está em acentuada queda e já cai a marcas abaixo de 1000 hPa em diferentes localidades, conforme dados de estações na região.

As estações meteorológicas mostravam ainda no começo da noite deste sábado que o vento começava a se intensificar no Sul gaúcho. Equipamento do Instituto Nacional de Meteorologia em Jaguarão registrou rajadas de 75 km/h.

Conforme a análise da MetSul Meteorologia, esta área de baixa pressão em processo de aprofundamento tem centro em parte quente, o que faz do sistema subtropical e não um ciclone extratropical, como é o costumeiro.

Por isso, a sua trajetória errática em parte de Leste para Oeste e avançando sobre o continente durante as próximas horas com chuva e rajadas de vento forte.

A regra é que os ciclones (centros de baixa pressão) não tenham características subtropicais ou tropicais em nossa região. Já os ciclones extratropicais são comuns no Atlântico Sul e se formam principalmente das latitudes do Rio Grande do Sul para o Sul.

A diferença entre um ciclone extratropical e um ciclone subtropical está na estrutura, localização e mecanismos que os alimentam. O ciclone extratropical, que é o comum em nossa região, se forma em latitudes médias e altas.

Estão associados a frentes frias e quentes, e é alimentado por diferenças de temperatura entre massas de ar frio e quente (gradiente térmico horizontal). Possui um núcleo frio, com temperatura central menor que nos arredores, com frentes meteorológicas bem definidas.

Já o ciclone subtropical se forma em latitudes subtropicais, geralmente entre 20° e 40°, e sua alimentação é mista, combinando gradiente térmico horizontal com processos associados ao calor liberado pela condensação de vapor d’água.

O ciclone subtropical apresenta uma estrutura intermediária, com características de ciclones tropicais e extratropicais, e um núcleo parcialmente quente ou quente em níveis altos da atmosfera.

Mapas mostram a trajetória do ciclone

Os mapas abaixo mostram a projeção de evolução do centro de baixa pressão (ciclone subtropical) durante este domingo, de acordo com a última rodada do modelo do Centro Meteorológico Europeu. Atente que o sistema vai se deslocar sobre terra e não sobre o mar.

METSUL

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O centro do ciclone afeta no começo do dia com chuva e rajadas de vento mais pontos do Sul e da Campanha. No decorrer do dia, o centro do ciclone avança pelo Centro e o Leste do estado, levando chuva para pontos de outras regiões do estado, em especial do Centro, Leste e Nordeste do estado, como Porto Alegre e região metropolitana que terão instabilidade maior com vento na segunda metade do dia.

Quais as cidades de maior risco de vento

Os mapas abaixo mostram a projeção de vento máximo dos modelos de alta resolução WRF inicializados com os modelos europeu ECMWF e norte-americano GFS, atualizados no começo deste sábado.

METSUL

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Como se observa, os dois modelos indicam o vento máximo ocorrendo no Sul do Rio Grande do Sul com as rajadas mais intensas acima de 100 km/h no extremo Sul, na área do Taim e próximas.

O vento mais forte deve se concentrar de Pelotas e Rio Grande para o Sul em direção ao Chuí, Santa Vitória do Palmar e a Lagoa Mirim, onde as rajadas ficam entre 80 km/h e 100 km/h, mas com registros isolados (e a região tem péssima cobertura de estações) de 100 km/h a 120 km/h.

A rotação do ciclone deve fazer com que as rajadas de vento forte a localmente intensas, de 70 km/h a 100 km/h, se estendem a pontos mais a Oeste da Serra do Sudeste e a região da Campanha.

No decorrer do domingo, a baixa pressão (ciclone) se move para Norte e isso deve levar vento ao Centro do estado e para a região de Porto Alegre, porém mais fraco, de 50 km/h a 80 km/h na maioria dos locais, uma vez que o sistema perde força. Quando o sistema alcançar a área de Porto Alegre tende a estar mais fraco, mas ainda podem ocorrer algumas rajadas na segunda metade do domingo, apenas que menos fortes que no Sul, Campanha e Centro do estado.

Com isso, as cidades com maior risco de vento forte a intenso incluem aquelas situadas ao Sul de Pelotas e Rio Grande e da Campanha, o que inclui Santa Vitória do Palmar, Chuí, Arroio Grande, Jaguarão, Herval, Aceguá, Bagé, Pedras Altas, Pinheiro Machado, Candiota, Hulha Negra, Piratini, Caçapava do Sul e outras.

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