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O clima do mês de março marca a transição do verão para o outono e os dias ainda têm mais características da estação quente do que a das folhas. É o primeiro mês do chamado outono meteorológico ou climático compreendido pelo trimestre de março a maio, mas pelo critério astronômico o outono somente tem início no dia 20 à 6h01. Março em 2025 terá muitos dias tão ou mais quentes que janeiro e fevereiro, conforme a previsão da MetSul Meteorologia.

TERCIO TEIXEIRA/AFP/METSUL

Uma vez que as características do clima do mês ainda são mais próximas do verão do que do outono, os dias de calor e as pancadas de chuva passageiras e localizadas são comuns, mas à medida que o mês se aproxima do fim cresce o número de dias com a temperatura mais agradável, e às vezes até com frio durante a madrugada e cedo da manhã.

Em Porto Alegre, a temperatura mínima média histórica de março (série 1991-2020) é de 19,5ºC e a temperatura máxima média de 29,2ºC, quase 2ºC inferior à média máxima do clima de janeiro.

A precipitação média mensal histórica na capital gaúcha no mês de março é de 103,3 mm, muito próxima da média de chuva da maioria dos meses do ano, mas inferior aos meses de inverno e primavera.

Por sua vez, na cidade de São Paulo, com base na climatologia histórica da estação de Mirante de Santana, a temperatura mínima média de março pela série 1991-2020 é de 18,9ºC ao passo que a média máxima mensal é de 28,0ºC.

Já a precipitação média da cidade de São Paulo em março é de 229,1 mm, a quarta maior entre todos os meses do ano, atrás de janeiro (292,1 mm), fevereiro (257,7 mm) e dezembro (231,3 mm).

No geral, no Brasil, o regime de chuva ainda é o característico de verão. No Norte, segue o inverno amazônico que traz mais chuva e os estados do Centro-Oeste e do Sudeste ainda estão na temporada chuvosa, embora com volumes médios históricos menores que os de janeiro e fevereiro que são os meses mais chuvosos na climatologia das duas regiões.

Estado do Pacífico

Clima em março em 2025 deve transcorrer sob condições de neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial. De acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) está em -0,3ºC, portanto em patamar neutro e pela segunda semana seguida.

NOAA

Já o Pacífico Equatorial nos litorais do Peru e do Equador, a denominada região Niño 1+2, estava neste final de fevereiro com anomalia de +1,0ºC. O aquecimento persiste, mas ainda não é possível se afirmar que há um chamado evento de El Niño Costeiro em curso.

Chuva em março terá clima seco no Sudeste

Os modelos climáticos, em geral, indicam um padrão de chuva abaixo a muito abaixo da média histórica na maior parte do Centro-Sul do Brasil no mês de março com maior probabilidade precipitações muito inferiores ao normal no Norte da Região Sul e no Sudeste do Brasil.

No Centro do Brasil, a tendência é de grande parte do Sudeste e parte do Centro-Oeste terem precipitação abaixo da média a muito abaixo da média em março de clima seco, exceto por pontos isolados em razão de temporais que podem despejar volumes muito altos de chuva em curtos intervalos.

Os mapas abaixo, que não necessariamente representam o prognóstico final da MetSul, indicam a tendência de anomalia de chuva (desvio da média) semana a semana para o mês de março a partir de dados do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF).

Como se observa, a tendência é de março começar com chuva escassa e muitíssimo abaixo da média, padrão que deve predominar durante os primeiros dez dias do mês com um bloqueio atmosférico que deve inibir acentuadamente a ocorrência de chuva no Sudeste e no Sul.

Entre a segunda e a terceira semana de março a chuva deve começar a retornar para áreas do Sul e do Sudeste que vão ter um começo de março extremamente seco e quente com enormes desvios negativos de precipitação e positivos de temperatura.

Por isso, a tendência é que a segunda metade de março tenha mais chuva que a primeira, mas ainda assim o mês deve terminar com precipitações abaixo da média na maioria das cidades do Sudeste e da Região Sul. No Sudeste, em especial, a precipitação tende a ficar muito abaixo da climatologia histórica.

Os mapas abaixo do modelo de clima norte-americano CFS mostram a projeção de anomalia de chuva no Centro-Sul do Brasil com intervalos de 15 dias em que se constata como a chuva deve ser muito escassa durante o primeiro período e deve seguir abaixo da média em muitas áreas no segundo.

No Sul, a perspectiva é de chover mais no Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina com menor precipitação no estado do Paraná. Embora o indicativo de chuva acima da média em algumas áreas do Sul do Brasil, a MetSul crê que a maior parte da região vai terminar março com precipitação inferior à média.

A comum irregularidade de chuva do verão deve seguir e apenas algumas áreas devem terminar o mês com precipitação acima da climatologia, em particular no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em razão muito de temporais isolados associados a calor e umidade que são isolados.

Além disso, mesmo nas áreas que terminarem março com chuva acima da média isso não necessariamente se traduz em alta frequência de chuva, assim devem ocorrer janelas de tempo seco prolongadas, especialmente na primeira metade do mês.

Chamamos atenção que não raro em março, embora não em todos os anos, áreas mais a Leste da Região Sul e parte da costa do Sudeste podem ter desvios positivos localizados de precipitação com acumulados muito altos a excessivos em áreas mais próximas do oceano e a Leste da Serra do Mar.

Isso ocorre em eventos de infiltração de umidade do mar com vento Leste e que não raro resultam em episódios de chuva excessiva em áreas costeiras ou próximas junto à Serra do Mar pelo efeito de orografia (relevo), especialmente entre o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e o litoral do Rio de Janeiro.

Este tipo de situação oferece maior risco, pelas características de topografia e densidade populacional, em especial no Leste de Santa Catarina e nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro quando há o avanço de uma massa de ar frio na costa com aporte de umidade a partir do oceano. O Rio de Janeiro, em especial, tem risco maior de episódios de chuva orográfica excessiva em março com ar frio avançando pela costa Sul do Brasil.

É importante enfatizar que modelos de clima são destinados a estabelecer tendências de um padrão regionais e não locais, logo mesmo que a simulação esteja indicando para uma região chuva abaixo da média é possível que cidades ou pontos nesta região possam terminar o mês com chuva acima da média porque o modelo de clima (longo prazo) não se presta a antecipar eventos de chuva volumosa localizados, estes previstos pelos modelos de tempo (curto prazo).

Finalmente, com base na climatologia histórica de março e um padrão neste ano de águas oceânicas mais quentes e menor divergência de vento na atmosfera, cresce o risco de formação de ciclones atípicos (tropical ou subtropical) na costa do Sudeste e do Sul. Este tipo de sistema, porém, somente é previsível em curto prazo.

Temperatura alta com clima muito quente em março

Já a temperatura deve outra vez ficar acima a muito acima da média em muitas áreas do Centro-Sul do Brasil neste mês de março com os desvios positivos mais expressivos no Centro do Brasil, em especial no Sudeste, para onde se projeta chuva muito abaixo da média para um maior número de áreas.

METSUL

Os primeiros dez dias do mês serão escaldantes no Sul e no Sudeste com temperaturas muitíssimo acima do normal do mês, a ponto de as anomalias diárias atingirem em algumas áreas valores de até 10ºC a 13ºC acima do que é normal para março. Os dados indicam que o Rio Grande do Sul deve ser a área do Brasil com temperatura mais acima da média histórica neste começo de março.

NOAA

Serão muitas tardes seguidas com temperaturas excessivamente altas em que as máximas vão ficar perto e acima de 40ºC em diversas cidades no Sul e no Sudeste durante os primeiros dez dias do mês em padrão atípico para o mês.

Os dias de temperatura agradável, que começam a aumentar em frequência a partir de março, serão escassos, mesmo mais a o Sul no Rio Grande do Sul. Apesar de a segunda metade do mês não ser tão abrasadora como serão os primeiros dez dias de março, ainda assim devem ser esperados dias com calor na segunda quinzena do mês.

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