Um ciclone extratropical se forma nas próximas horas nos litorais do Uruguai e do Rio Grande do Sul e será responsável por gerar chuva forte com temporais no Sul do Brasil e ainda vento muito forte a intenso em áreas perto da costa. A ciclogênese, o processo de formação do ciclone, tem início nesta quinta e já intensifica o vento no estado gaúcho com rajadas do quadrante Leste.
Frequentemente se lê ou se ouve o público perguntar: o ciclone vai passar pela minha cidade. Isso porque as pessoas imaginam um ciclone extratropical como uma formação localizada que avança de uma cidade para outra, como chuva, quando não é. O campo de vento de um ciclone extratropical se estende por centenas e, em alguns casos, a milhares de quilômetros.
O ciclone intenso do último mês de julho, por exemplo, provocou vítimas em razão de vento forte no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e em São Paulo, mas o centro do ciclone jamais chegou perto de São Paulo que estava mil quilômetros ao Norte de sua posição. Assim como no inverno, ciclones muito intensos na costa da Patagônia argentina trazem vento forte no Sul do Brasil no ingresso de uma potente massa de ar frio.
Outro ponto importante. Não é a proximidade da costa de um ciclone que determina a sua intensidade, mas sim a sua pressão atmosférica. Um ciclone perto do litoral apenas aumenta os potenciais impactos no continente. Já quanto menor a pressão no centro de um ciclone, maior é a sua intensidade.
O cenário de maior risco, assim, é um ciclone com pressão atmosférica muito baixa e que esteja muito perto da costa. Foi o que se teve no ciclone de julho que causou rajadas de até 150 km/h no Sul gaúcho e 160 km/h em Santa Catarina. Este ciclone de agora terá pressão muito baixa à medida que se afastar da costa, mas no momento inicial em que sua pressão não for muito baixa estará rente ao litoral. Por isso, trará vento forte a muito forte, mas não tão intenso quanto em julho.
O mapa a seguir produzido pela MetSul Meteorologia mostra a trajetória projetada pela nossa equipe para este ciclone extratropical a partir de sua formação nas costas gaúcha e uruguaia, embora a ciclogênese tenha seus estágios iniciais no continente a partir do aprofundamento de uma área de baixa pressão.
Amanhã, no começo do dia, a baixa pressão estará sobre o Leste do Rio Grande do Sul e se aprofunda, já com o processo de ciclogênese, avançando para a costa no decorrer do dia, onde se intensifica ainda mais como um ciclone extratropical que vai estar com seu centro, estimado pelos modelos em até 995 hPa, muito perto do Litoral Sul gaúcho entre o Chuí e Rio Grande, sobre o Oceano Atlântico.
No sábado, o ciclone vai estar sobre o Atlântico ainda perto dos litorais do Rio Grande do Sul e do Uruguai no começo do dia, ainda mais intenso e com pressão projetada por vários modelos entre 980 hPa e 985 hPa, mas no decorrer do período o sistema se afasta do continente no sentido Leste-Sudeste enquanto um centro de alta pressão com ar mais frio começa a tomar conta do Sul do Brasil com sol. No domingo, o ciclone já estará distante.
O vento já sopra forte do quadrante Leste hoje pelo contraste de pressão entre o centro de baixa pressão sobre o continente e um centro de alta pressão sobre o mar, contudo terá origem no ciclone extratropical já formado a partir desta sexta-feira, prevê a MetSul Meteorologia.
A sexta-feira será ventosa em grande parte do Rio Grande do Sul. No Sul e no Leste gaúcho, o sábado ainda terá vento forte. As rajadas no território gaúcho, em média, ficarão entre 50 km/h a 80 km/h, mas podem atingir 80 km/h a 100 km/h e isoladamente superiores na costa e na Lagoa dos Patos.
O pior do vento deve se dar no Litoral Sul, entre o Chuí e Mostardas. As fortes rajadas de vento associadas ao ciclone podem provocar quedas de árvores, postes e danos estruturais, especialmente no Sul e no Leste gaúcho. Devem ser esperados cortes de luz, sobretudo na área da CEEE Equatorial.
Haverá ainda intensa agitação marítima com ressaca do mar no litoral, uma vez que o vento muito intenso sobre o oceano, em alto mar, de 120 km/h a 150 km/h, vai gerar um swell significativo. É extremamente desaconselhada a navegação com embarcações pequenas na costa e em águas interiores como o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos, porque haverão não apenas vento forte como as águas estarão agitadas, com mar grosso no caso do oceano.
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