O mês de fevereiro de 2021 foi marcado por uma brutal onda de frio nos Estados Unidos, cobrindo 72% do país com neve e causando mortes, falta de energia, entre outros transtornos. A Europa igualmente enfrentou muito frio com marcas não vistas em uma década.
Considerando todo o planeta, fevereiro mostrou grande contraste de temperatura. Apesar da enorme onda de frio na América do Norte e Europa, o Hemisfério Norte teve seu oitavo inverno mais quente em 142 anos e o Hemisfério Sul teve seu 19º verão mais quente, empatando com os verões de 1973 e 2009, de acordo com os Centros Nacionais de Informação Ambiental da NOAA.
A temperatura média global do último fevereiro como um todo, considerando a superfície terrestre e oceânica, foi 0,65ºC superior à média do século 20, o tornando o 16º mais quente já registrado mundialmente. Apesar disso, foi o fevereiro mais frio dos últimos 7 anos. Os meses de fevereiro entre 2014 e 2020 foram mais quentes.
Esse fevereiro de menor temperatura global desde 2014 se deu pois grande parte da América do Norte, Escandinávia e o Norte da Ásia tiveram temperaturas muito mais baixas do que o normal, pelo menos 3ºC abaixo da média, e isso influenciou a média global.
Apesar do aquecimento global, podem ser esperados eventos de frio intenso, na tentativa da Terra buscar seu equilíbrio térmico. Cada vez mais esse processo tende a gerar eventos de tempo severo, podendo ser tempestades, nevascas, secas, chuvas torrenciais, entre outros. Há, assim, um favorecimento de eventos extremos.
Planeta esfriando?
Foi o fevereiro menos quente em sete anos no mundo. Foi o fevereiro mais frio desde 1989 nos Estados Unidos. Isso significa que a Terra reverteu sua tendência de aquecimento?
De jeito nenhum. Neste momento, no Oceano Pacífico Equatorial, atua um episódio de La Niña. O fenômeno é conhecido por proporcionar resfriamento do planeta.
Assim, que algumas áreas do planeta tenham experimentado um fevereiro mais frio na comparação com a média dos últimos anos não foge ao que poderia se esperar sob La Niña.
A grande questão é que 2020, mesmo sem El Niño e com La Niña no segundo semestre, teve temperatura global similar a de 2016 que foi ano de Super El Niño e acentuado aquecimento planetário.
Em outras palavras, fevereiro não significa uma nova tendência, não há resfriamento planetário, e foi uma apenas uma pequena oscilação para baixo numa curva consistente de aquecimento que vem de muitas décadas.