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A costa do Chile enfrentou nas últimas 24 horas uma das maiores mobilizações preventivas dos últimos anos. Um terremoto de magnitude 8,8 ocorrido na noite de terça-feira (30) no litoral oriental da Rússia gerou uma alerta de tsunami que rapidamente se estendeu pelo Pacífico Sul, atingindo em cheio o território chileno.

ALEJANDRO PIZARRO/ATON CHILE/PHOTOSPORT/AFP/METSUL

O evento desencadeou a ativação imediata dos protocolos de emergência do país. O Serviço Nacional de Prevenção e Resposta ante Desastres (Senapred), em conjunto com o Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Armada (SHOA), declarou estado de alerta para todo o litoral entre Arica e Los Lagos.

A ordem de evacuação abrangeu as zonas abaixo de 30 metros do nível do mar. Segundo o Ministério do Interior do Chile, cerca de 1,5 milhão de pessoas estavam potencialmente expostas e, até o meio-dia de quarta-feira (31), aproximadamente 75% desse total já havia sido evacuado com sucesso.

A maior elevação do mar foi registrada na praia de Boyeruca, na comuna de Vichuquén, região do Maule. Ali, as ondas chegaram a 2,5 metros de altura — o maior valor observado no país até o momento.

Outros pontos do litoral também tiveram elevações consideráveis do nível do mar. Em Talcahuano, a medição foi de 1,6 metro. Já em Coquimbo e Coliumo, as ondas chegaram a 1,4 metro. Quintero registrou 1,3 metro, Punta de Choros 1,1 metro e Bahía Mansa 1 metro.

A situação gerou grande mobilização das autoridades locais. Em várias cidades, sirenes de evacuação foram acionadas durante a madrugada e o início da manhã da quarta, orientando a população a se deslocar para os chamados pontos de encontro, localizados em áreas seguras e fora da zona de inundação.

As aulas foram suspensas em todos os níveis de ensino nas regiões costeiras de Arica até Los Lagos. Na região de Los Lagos, a suspensão incluiu também as ilhas e se estendeu a toda a rede pública e privada. Para as universidades, as recomendações ficaram a critério de cada instituição.

Em paralelo, os serviços de emergência e defesa civil foram acionados em todo o território. O Comitê de Gestão do Risco de Desastres (Cogrid) coordenou as evacuações com base em estimativas do SHOA sobre o tempo de chegada do trem de ondas.

Na Ilha de Páscoa, uma das primeiras localidades em potencial risco, o impacto do tsunami era esperado por volta das 9h25 da manhã (horário local). As primeiras ondas registradas na ilha, no entanto, tinham apenas 20 centímetros, mas especialistas advertiram que o comportamento do mar poderia mudar nas horas seguintes.

Com base na evolução do fenômeno e nos dados atualizados das boias e sensores ao longo do Pacífico, o SHOA e o Senapred começaram a revisar os níveis de alerta ainda na noite de quarta.

Às 21h50, sete regiões — Tarapacá, Antofagasta, Atacama, Valparaíso, Maule, Los Ríos e Los Lagos — passaram de estado de alerta para estado de precaução. Com isso, as pessoas evacuadas puderam retornar para suas casas, embora a recomendação de não se aproximar das praias e do litoral permanecesse.

Também foi cancelada a situação de alerta nas ilhas de Páscoa, San Félix, Juan Fernández e na Antártica chilena, que inicialmente estavam sob monitoramento.

A diretora nacional do Senapred, Alicia Cebrián, afirmou que a situação continua sob constante vigilância. As regiões de Arica, Coquimbo, O’Higgins, Ñuble e Biobío permanecem com estado de alerta, mantendo-se a evacuação nas zonas de risco.

“É fundamental que as pessoas se mantenham informadas e sigam as orientações das autoridades locais. O evento ainda está em curso e pode apresentar mudanças rápidas”, reforçou Cebrián em coletiva.

Apesar de não ter causado danos materiais graves até agora, a onda de evacuações e a elevação anormal do mar demonstram a eficiência da resposta chilena diante de ameaças naturais recorrentes no Pacífico. O Chile, situado no chamado “Círculo de Fogo do Pacífico”, está acostumado a lidar com terremotos e tsunamis.

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