Um tsunami meteorológico foi a causa da subida do mar verificada em extensa área da costa do estado de Santa Catarina exatamente um ano atrás e que trouxe destruição. No dia 29 de outubro de 2019, o litoral Centro e Sul catarinense registrou a ocorrência de uma onda do tipo tsunami e que foi registrada pelas estações maregráficas da Epagri, inicialmente em Balneário Rincão, passando por Imbituba, Florianópolis e se dissipando próximo a Balneário Camboriú aproximadamente duas horas e meia mais tarde.

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A caracterização do fenômeno está descrita no paper Atmospherically induced large amplitude sea-level oscillations on October 29, 2019 at Santa Catarina, Brazil, clique aqui para ler o trabalho, publicado esta semana pela revista Natural Hazards e divulgado ontem pela Epagri.

O trabalho foi liderado pelos pesquisadores Rogério Candella, da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro, que entrou em contato com a Epagri e sugeriu um estudo detalhado do fenômeno.

A rede de radares meteorológicos, estações meteorológicas e estações maregráficas que fazem parte do sistema de monitoramento costeiro da Epagri na região foram usadas para a identificação, caracterização e confirmação do evento como um tsunami de características meteorológicas, ou seja, um meteotsunami.

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A geração da onda que atingiu a costa catarinense se deu devido a um alinhamento de uma rápida mudança de pressão atmosférica com as ondas do mar que estavam chegando às águas costeiras mais rasas.

O marégrafo da Epagri que opera no porto de Imbituba foi fundamental para a detecção do meteotsunami, pois opera em condições análogas à rede mundial de prevenção e detecção de tsunamis, registrando o nível do mar a cada 60 segundos.

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Acompanhando a mudança do nível do mar nos outros marégrafos, se concluiu que este meteotsunami se caracterizou por duas ondas principais, que no seu ponto máximo atingiram 75 e 118 cm, e que viajaram pela costa de Sul a Norte do Estado a uma velocidade de 1,4 km/min.

“Mais importante do que a sua caracterização e publicação nos meios científicos, este evento ressalta a importância de o Estado dispor de uma rede de equipamentos de alta complexidade para registrar sua ocorrência e, ao mesmo tempo, dispor de profissionais altamente qualificados para interpretar os dados e atuar para a segurança da população, destacou a Epagri em comunicado.

Em 29 de outubro do ano passado, alagamentos repentinos “carregaram” barcos e carros, trazendo prejuízos para pescadores e demais moradores na costa, chamando a atenção da mídia. No foi a primeira vez que ondas ocasionaram prejuízos na costa catarinense, mas a rapidez e a força do evento chamaram a atenção dos especialistas em oceanografia em todo país.

Em 14 de março deste ano, um tsunami meteorológico atingiu a praia do Cassino, em Rio Grande, no Litoral Sul gaúcho. As ondas chegaram a arrastar automóveis que estavam estacionados na faixa de areia, mas não houve feridos.

Diferentemente de um tsunami originado em terremoto no leito do oceano, o meteotsunami ocorre por tempestade ou frente fria que gera vento forte e variação de pressão atmosférica em mar aberto, destaca a meteorologista da MetSul Estael Sias.

Era o caso da tarde do dia 14 de março em Rio Grande com fortes áreas de instabilidade se aproximando pelo Sul em um dia de calor excepcional em que a temperatura no Rio Grande do Sul ficou perto de 41°C, explicou.