Com clima ainda influenciado pela La Niña, projeção de chuva de curto prazo é muito desfavorável no Rio Grande do Sul e em momento decisivo para a safra de soja gaúcha | SILVIO ÁVILA/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Os primeiros cinco dias de fevereiro no Rio Grande do Sul tiveram chuva, mas que teve enorme variabilidade de volumes com acumulados baixos em diversas cidades e altos em alguns municípios. Houve pontos em que a precipitação não superou 5 mm e outros em que a chuva somou mais de 100 mm, segundo levantamento da MetSul Meteorologia com base em estações meteorológicas e medições de agricultores em suas propriedades.

Com isso, o alívio da estiagem foi parcial no estado no começo deste mês. Dentro de uma mesma região do estado produtores rurais relataram acumulados de chuva de mais de 100 mm e inferiores a 10 mm, caso, por exemplo, do extremo Sul, onde neste domingo voltou a chover.

De acordo com dados de estações oficiais, os primeiros cinco dias do mês tiveram volumes de 88 mm no Chuí, 57 mm em Jaguarão, 50 mm em São Vicente do Sul, 48 mm em Encruzilhada do Sul, 43 mm em Caçapava do Sul, 42 mm em Porto Alegre (zona Sul) e 31 mm em Dom Pedrito.

Já nos últimos dez dias, depois de grande parte de janeiro com clima seco, na mesma rede do Instituto Nacional de Meteorologia os acumulados foram de 134 mm em Porto Alegre (Belém Novo), 96 mm no Chuí e Encruzilhada do Sul, 89 mm em São Vicente do Sul, 86 mm em Caçapava do Sul, 81 mm em Canela, 74 mm em Jaguarão, 71 mm em Canguçu e 67 mm. No Oeste e no Noroeste, em alguns pontos, a chuva dos últimos dez dias não chegou a 10 mm.

“Porto Alegre é um exemplo da enorme disparidade de volumes que é comum no verão pelo fato de a chuva estar associada predominantemente associada a nuvens carregadas localizadas que despeja volumes altos isolados. Na estação da zona Sul da cidade, nos últimos dez dias, a chuva passou de 130 mm enquanto na estação da zona Leste, no Jardim Botânico, no mesmo período, caíram apenas 30 mm ou 100 mm a menos que na estação em Belém Novo”, destaca a meteorologista Estael Sias da MetSul.

Como a chuva do fim de janeiro e do começo deste mês teve volumes mais altos só em setores do território gaúcho e muitas áreas anotaram baixos índices, fundamental seria que continuasse chovendo e volumes elevados.

“Infelizmente, não vai acontecer”, adverte Estael. Conforme a especialista da MetSul, o ar mais seco que dominou grande parte do estado no domingo e trouxe uma madrugada fria em muitas cidades vai inibir chuva na maioria dos dias desta semana.

“O pior é que pelas projeções de chuva para os próximos dez dias dos modelos que analisamos o cenário muito ruim. Não, não vai deixar de chover, mas será muito irregular e pouco na maioria das cidades que vierem a ter chuva nos próximos sete a dez dias, o que é péssimo para a agricultura por coincidir com o período de maior demanda hídrica da soja e o momento mais crítico da safra já castigada”, adverte a meteorologista.

Conforme os prognósticos da MetSul, a semana que começa terá chuva apenas isolada e deve terminar sem registro de precipitação em diversos municípios. A previsão aponta que entre os dias 13 e 15 deste mês cresce a chance de chover em maior número de cidades do estado, mas ainda assim de forma irregular e com grande variabilidade de volumes.

O mapa acima mostra a projeção (em mm) de chuva para esta semana do modelo meteorológico alemão Icon. A MetSul pondera que, como chuva no verão é irregular, pode sequer chover em algumas áreas onde o mapa indica precipitação e que muito isoladamente os volumes podem ser mais altos que o indicado pela projeção computadorizada.

Já o segundo mapa, acima, traz a projeção de chuva do modelo meteorológico do centro europeu (ECMEWF) para os próximos dez dias. Até o dia 8 da projeção, os volumes de chuva são muito baixos no estado e apenas entre os dias 9 e 10 do prognóstico, ou seja, entre os dias 13 e 14 deste mês, há um aumento da precipitação e mais no Oeste gaúcho.

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