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Corais já comçam a sofrer branqueamento no litoral da Flórida | CORAL RESTORATION

Cientistas do clima e meteorologistas dos Estados Unidos testemunham atônitos os dados de temperatura do mar na costa do estado norte-americano da Flórida com aquecimento que se acreditava impensável. Boias de monitoramento há dias têm indicado temperatura do mar acima de 35ºC com registro de até 38,3ºC.

Na segunda-feira, por volta das 17h, hora local, um medidor de temperatura da água na Baía da Flórida, ao Sul do Parque Nacional de Everglades (a Oeste de Miami) e ao Norte das Florida Keys, registrou surpreendentes 37,3ºC. Naquele momento, parecia ser a temperatura mais alta já registrada na área.

Ocorre que pouco depois, ao redor das 19h, outra boia ao Norte de Key Largo chamada Manatee Bay acusou 37,8ºC na água. Assim como em Murray Key, a observação é medida a cerca de 5 pés (um metro e meio) abaixo da superfície.  Então, por volta das 19h30, a temperatura da água em Manatee Bay registrou 38,3ºC.

“Normalmente, os meteorologistas presumiriam que o medidor estava quebrado e indicando dados errados, mas pelo menos três locais na região registraram 36ºC 8 ou mais, então isso acrescenta credibilidade. E isso ocorre em meio a semanas de temperaturas recordes da água na Baía da Flórida e nas Keys”, explica o meteorologista da Flórida Jeff Berardelli.

Se a NOAA, a agência de tempo e clima dos Estados Unidos confirmar o dado após verificação, a temperatura observada na água na costa da Flórida nesta semana pode desafiar o recorde mundial de temperatura da superfície do mar mais alta de 37,6ºC, na Baía do Kuwait, no Golfo Pérsico, Oriente Médio.

“Estes locais de medição em que a temperatura da água se aproximou de 40ºC estão em águas rasas e escuras, de modo que absorvem muito bem a radiação do sol. A temperatura sobe e desce muito rapidamente com base na radiação solar. Portanto, geralmente apresentam temperaturas elevadas em comparação com medições mais profundas onde a água é mais clara. Isso não significa que as observações estão erradas, é apenas uma característica da água no local”, explica Berardelli.

O renomado meteorologista Jeff Masters afirma que, como a medição foi feita perto da terra, a matéria orgânica e outros detritos podem ter influenciado a leitura da temperatura. Mesmo considerando esses fatores, Masters concluiu que “a água atingiu uma das temperaturas mais altas já registradas na Terra”.

“As águas rasas dos Everglades podem ter muita matéria orgânica, assim, a menos que haja prova fotográfica de que não havia detritos na água, será difícil verificar se o registro de 38,3ºC é válido”, diz Masters.

Artigo publicado em 2009 afirma que alguns desses locais de águas rasas podem sofrer contaminação, o que pode levar os sensores a indicarem marcas equivocadas. “Assim, é importante mencionar que é plausível que as temperaturas das estações possam estar um pouco exageradas, mas ainda assim marcas acima de 35ºC estão fora do normal”, diz.

O superaquecimento das águas junto ao estado norte-americano da Flórida ocorre no instante em que os corais que ainda existem na região da Florida Keys estão ameaçados. Desde a década de 1970, a cobertura de corais em Florida Keys caiu de quase 40% para menos de 3%. E agora os corais estão sofrendo branqueamento e morrendo rapidamente à medida que o calor recorde continua.

Há vários projetos de restauração de recifes de corais em andamento na Flórida, contudo no momento a batalha está sendo perdida para o calor implacável com mortalidade generalizada relatada nos locais de restauração. O estresse térmico está em andamento há nove semanas nas Keys com o programa Coral Reef Watch da NOAA declarando um nível de alerta 2, o alerta mais alto para o branqueamento.

NOAA

Com o pico típico das temperaturas da água no verão ainda vai ocorrer em algumas semanas, a tendência é que os corais terão que suportar muitas semanas ainda de calor mortal. Várias equipes de restauração de corais estão ocupadas salvando corais, tirando-os do oceano e trazendo-os para as faculdades para mantê-los resfriados até que possam ser devolvidos ao oceano.

“Embora padrão climático persistente de ventos fracos e sol possam ser parcialmente culpados, subjacente a isso está a mudança climática causada pelo homem pela queima de combustíveis fósseis. As temperaturas no Golfo do México aqueceram duas vezes mais do que a média global. Isso se deve tanto ao aquecimento do efeito estufa quanto à redução da poluição atmosférica sobre a bacia do Atlântico, permitindo a entrada de mais luz solar”, explica Jeff Berardelli.