Esta terça-feira, 21 de junho, não marca apenas o primeiro dia de uma nova estação climática (verão no Hemisfério Norte e inverno no Hemisfério Sul). Em 2022, a data também marca o chamado Show Your Stripes Day, uma data dedicada a conscientizar as pessoas sobre os riscos das mudanças climáticas e a mostrar ao público como suas cidades, países e o mundo estão aquecendo muito rapidamente por efeito principalmente das emissões dos gases do efeito estufa, a maior parte de origem antropogênica por combustíveis fósseis.
O conceito visual das listras, que a MetSul apelidou de código de barras do clima, foi criado pelo cientista climáticos Ed Hawkins, da Universidade de Readings. Meteorologistas da televisão, grandes organizações e pessoas de todo o mundo compartilharam as listras nas mídias sociais ou as exibiram de maneiras criativas nos últimos anos.
“As listras climáticas mostram claramente como o mundo está esquentando. Como elas serão no futuro depende inteiramente de nossas escolhas. As decisões que tomarmos agora serão cruciais para conter o dramático aumento da temperatura observado em todo o mundo nas últimas décadas”, observa Hawkins. “O objetivo das listras climáticas é iniciar conversas e levar a ciência climática a novos públicos. Estou constantemente impressionado com as maneiras criativas que as pessoas usam para adotar as listras e espero que elas ajudem a trazer a ação climática à frente das mentes das pessoas mais uma vez este ano”, afirma.
O código de barras do clima apresenta linhas de vários tons de azul e vermelho alinhadas da esquerda para a direita, indicando como a temperatura mudou para um determinado local durante um determinado período de tempo. O azul representa um ano mais frio que a média, enquanto o vermelho representa um ano mais quente que a média. Cores mais escuras representam um desvio maior da média, seja no azul escuro para muito mais frio do que o normal ou marrom para temperatura muito acima da média.
No exemplo abaixo, as listras representam a mudança de temperatura na América do Sul de 1901 à esquerda até 2021 à direita. A maior parte dos anos mais quentes do mundo nos últimos 172 anos aconteceu justamente nas últimas décadas, o que indica que o aquecimento do planeta teve uma aceleração principalmente a partir da década de 90 e aumentou ainda mais durante as primeiras duas décadas deste século.
Jamais o planeta experimentou um período tão quente desde o ano, nascimento de Cristo, de acordo com os dados científicos de temperatura planetária obtidos a partir de medições por termômetros e proxies como anéis de árvores e cilindros de gelos. O gráfico da temperatura planetária mostra um salto na temperatura global nos últimos anos, diferentemente de qualquer padrão observados nos dois mil anos anteriores.
Céticos do aquecimento global sustentam com razão que a Terra teve vários períodos mais quentes que o atual no passado, entretanto foram mudanças que acompanharam idades geológicas e se deram ao longo de milhares de anos enquanto agora o aquecimento está ocorrendo numa escala de décadas acompanhando uma cada vez maior concentração de gases do efeito estufa na atmosfera que tem origem na atividade humana e não natural.
O aquecimento se reflete também no Brasil. A tendência de aquecimento acelerou nas últimas décadas no território brasileiro, onde a temperatura está subindo mais que na média mundial. O padrão de aquecimento que se acentuou nos últimos trinta anos é possível ser constatado por todas as regiões brasileiras, em cidades e zonas rurais.
De acordo com a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), depois de dois anos consecutivos (2019 e 2020) classificados entre os três mais quentes já registrados, a Terra ficou menos quente em 2021. Mas não muito. De acordo com uma análise de cientistas dos Centros Nacionais de Informações Ambientais da NOAA (NCEI), 2021 ficou em sexto lugar na lista dos anos mais quentes já registrados, desde 1880. Os oceanos igualmente apresentam forte aquecimento e o Oceano Ártico registra elevação espantosa da temperatura nos últimos anos.
A temperatura média da superfície terrestre e oceânica da Terra em 2021 foi 0,84ºC acima da média do século 20. Também marcou o 45º ano consecutivo (desde 1977) com temperaturas globais subindo acima da média do século 20. Os anos de 2013-2021 estão todos entre os dez anos mais quentes já registrados.
A temperatura média global da superfície da Terra em 2021 empatou com 2018 como a sexta mais quente já registrada, de acordo com análises independentes feitas pela NASA, em conjunto com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA). A NASA usa o período de 1951-1980 como linha de base para ver como a temperatura global muda ao longo do tempo. Os últimos oito anos são os anos mais quentes desde que os registros modernos começaram em 1880, diz a agência espacial.
De acordo com o registro de temperatura da NASA, a Terra em 2021 estava 1,1ºC mais quente do que a média do final do século 19, o início da revolução industrial. “A ciência não deixa margem para dúvidas: a mudança climática é a ameaça existencial do nosso tempo”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson. “Oito dos 10 anos mais quentes do nosso planeta ocorreram na última década, um fato indiscutível que ressalta a necessidade de ações ousadas para salvaguardar o futuro do nosso país – e de toda a humanidade.