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O padrão de chuva até agora no Cone Sul tem sido marcado por precipitações escassas no Rio Grande do Sul, apesar do inverno e a primavera serem o período mais chuvoso da climatologia anual. Agosto teve chuva abaixo da média em quase todo o Estado. Iraí, por exemplo, teve o agosto com menos chuva desde o início dos registros na década de 30. O motivo foi um persistente bloqueio atmosférico no Atlântico Sul que favoreceu ainda o ar quente e o agosto de temperatura média mais alta em Porto Alegre em 102 anos de registros. Observe nos mapas abaixo como o bloqueio foi persistente e durou quase o mês inteiro, cedendo um pouco apenas na última semana, quando esfriou.


A chuva que faltou aqui caiu em abundância no Centro da Argentina. O bloqueio fez com que a instabilidade ficasse retida na região central do país vizinho e no Sul do Uruguai com acumulados muito acima da média e recordes. As cidades de Tandil e Azul, situadas na província de Buenos Aires, superaram até agosto o total anual médio de chuva, mesmo faltando quatro meses para o ano terminar. Pejuajó, Nueve de Julio e Junín estão perto de superar. Os totais de chuva apenas de agosto, em alguns pontos, foram mais que o dobro dos valores mensais mais altos para o mesmo período nos últimos cinqüenta anos.



Um informe oficial do governo argentino detalhou que 3,5 milhões de hectares estão sob água numa das principais áreas agrícolas do país. Uma entidade rural, contudo, calculou o número em quase 10 milhões de hectares alagados. O prejuízo é enorme. Com a terra sob inundações não se consegue plantar milho, além dos alagamentos que cobrem lavouras de trigo, cevada e aveia. Um número indeterminado de cabeças de gado morreu, mas chegou a se comentar que quase 200 mil animais estavam ameaçados. Grande parte da região foi declarada em emergência agropecuária. As imagens de satélite abaixo mostram como é grave e extensa a inundação na província de Buenos Aires.


Agora é a nossa vez. A semana começa com alerta da MetSul Meteorologia sobre o risco de chuva forte neste domingo e segunda no Rio Grande do Sul por intensificação de uma frente fria. Modelos numéricos indicam que os maiores acumulados devem se dar do Centro para o Norte do Estado, onde podem ser registrados volumes entre 50 e 80 mm até terça-feira, não se descartando acumulados localizados até acima de 100 mm. Já existe a possibilidade de chuva localmente forte neste domingo, mas, em geral, as simulações projetam que os maiores acumulados se dariam no decorrer da segunda, quando aumenta a ameaça de transtornos como alagamentos. Há risco de chuva forte em Porto Alegre e região, mas grande parte dos modelos concentra os volumes mais extremos entre parte da Serra (mais ao Leste) e o Litoral Norte. O vento do quadrante Sul também se intensifica na segunda e pode soprar com rajadas. Solo encharcado com vento, ademais, traz sempre o risco de queda de árvores. Para os próximos 15 dias, o modelo numérico Europeu chega a sinalizar a possibilidade de acumulados de 150 a 250 mm no Estado, em especial na faixa mais central. As precipitações, contudo, não devem ser expressivas em todas regiões do Estado.

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