Começa uma semana que a MetSul Meteorologia tem descrito há dias na mídia como de alto risco e particularmente perigosa pelos fenômenos possíveis e as conseqüências que poderiam advir da atmosfera tão instável. Massa de ar extremamente quente, que elevou a temperatura a marcas ao redor dos 40ºC neste domingo no Noroeste do Rio Grande do Sul (38,6ºC em Santa Rosa), Oeste do Paraná, Centro-Oeste do Brasil, Norte da Argentina e Paraguai, alimenta a forte instabilidade sobre o território gaúcho. Na prática, a título de comparação, é como se colocar gasolina (ar muito quente) em fogo (atmosfera úmida e instável), o que gera sucessivamente a formação de nuvens bastante carregadas.


Condições de tempo severo com granizo e vento forte, como já registradas durante este fim de semana, com uma morte por raio em Tupanciretã e queda de granizo em diversos pontos do interior, persistem nesta segunda-feira, na terça e ainda na quarta. Eventos severos destrutivos muito isolados, seja por fortes vendavais ou até eventos tornádicos não podem ser afastados. A chuva persiste até quinta, ganhando muita força na terça nas Metades Sul e Oeste, e em todo o Estado durante a quarta. Mantém-se o alerta que se repete há dias de volumes extremos capazes de provocar alagamentos e inundações. Os maiores volumes se concentrarão no Centro e no Sul do Rio Grande do Sul, mas vários pontos da Metade Norte também deverão ter acumulados altos.


Raios em Pelotas na noite de sábado por Guilherme Schild


Granizo em Livramento hoje de manhã por Daniel Badra/CP

Modelos computadorizados insistem em volumes até quinta de 100 a 200 mm em vários pontos da Metade Sul e do Centro do Estado com acumulados pontuais que poderiam até atingir ou exceder os 300 mm, o que potencializa alagamentos, cheias e inundações. Há simulações que chegaram a indicar mais de 400 mm em apenas cinco dias, o que pelo valor muito extremo se enxerga com certa cautela. Nas últimas saídas, várias simulações deslocaram a faixa de chuva intensa um pouco para o Norte, o que abrange o Centro do Rio Grande do Sul e parte da Metade Norte. O Modelo Brasileiro de Alta resolução foi um dos que mais deslocou para Norte – talvez exagerando – a área de chuva extrema.

E, se não bastasse, seguem a indicar os modelos que na quarta-feira um centro de baixa pressão avançaria pelo Estado, fazendo a instabilidade atingir seu pico máximo com valores de pressão atmosférica reduzidas ao nível do mar abaixo do nível crítico de 1000 hPa. Sob este cenário, as simulações computadorizadas indicam o risco de vento forte a muito intenso com perigo de estragos e vários problemas para a rede elétrica, sobretudo na quinta-feira, quando haverá o ingresso de ar mais frio.