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O então príncipe e agora rei Charles fala durante um evento de Ação sobre Florestas e Uso da Terra no terceiro dia da Conferência do Clima COP26 no Scottish Event Campus em Glasgow, Escócia, em 2 de novembro de 2021. Líderes mundiais emitiram no encontro uma promessa multibilionária acabar com o desmatamento até 2030, uma promessa recebida com ceticismo por grupos ambientalistas que dizem que ações mais urgentes são necessárias para salvar os recursos do planeta. | CHRIS JACKSON/POOL/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Após mais de sete décadas, o Reino Unido tem um rei. E que enquanto príncipe nunca se importunou em dizer o que veio à mente quando o assunto foi meio ambiente ou mudanças no clima. Ao longo de sua longa espera para ascender ao trono, o rei Charles III se destacou por suas opiniões francas sobre tudo, incluindo as mudanças climáticas. Agora que é monarca, o rei pode adotar uma postura mais comedida.

Ridicularizado por alguns por suas opiniões e acusado de se intrometer em questões políticas e sociais que podem não lhe interessar, Charles sempre acreditou que deveria poder falar sobre questões que considera importantes também para os britânicos. Mas também disse que estava ciente de que herdeiro do trono e monarca eram dois papéis diferentes.

Em um documentário de tevê para marcar seu aniversário de 70 anos em 2018, Charles procurou reprimir os temores de que usaria sua posição para promover suas causas favoritas. “A ideia, de alguma forma, de que eu vou continuar exatamente da mesma maneira, se eu tiver sucesso, é um completo absurdo porque as duas – as duas situações – são completamente diferentes”, disse. Questionado se sua campanha pública continuaria quando rei, afirmou: “Não, não vai. Eu não sou tão estúpido”.

Então, a grande dúvida a partir de agora é se o novo monarca britânico manterá o ativismo das últimas décadas sobre o meio ambiente e se será o rei das mudanças climáticas.


Charles fez seu primeiro discurso sobre o tema em 1970, revelando um interesse que evoluiu ao longo do último meio século. Ele usou sua personalidade pública para defender a conservação de florestas, solos, oceanos e biodiversidade e pressionou as empresas a investir em programas para preservar e valorizar a natureza.

“Charles demonstrou um conhecimento duradouro e extremamente profundo do impacto das atividades humanas no meio ambiente”, disse Bob Ward, diretor de políticas e comunicações do Grantham Research Institute on Climate Change, em Londres. “De muitas maneiras, ele está à frente dos políticos em sua apreciação e preocupação com a questão”, elogiou.

Seu reinado ocorre quando as temperaturas globais estão derrubando os recordes de calor em sucessão anual. As temperaturas médias globais aumentaram mais de 1ºC nos últimos 150 anos, remodelando os extremos climáticos e a política na Grã-Bretanha. O país, que ajudou a levar o mundo à industrialização há mais de um século pela queima de carvão, tem um dos planos mais agressivos do mundo para reduzir as emissões de carbono.

A morte da rainha ocorreu dois dias depois que a nova primeira-ministra do país, Liz Truss, tomou posse para substituir Boris Johnson, um político conservador que surpreendeu muitos britânicos ao adotar uma ação climática historicamente forte. Alguns defensores expressaram preocupação de que Truss esteja menos comprometida com essas políticas, e algumas de suas recentes nomeações de gabinete foram descritas como céticas do clima.

Charles abriu a conferência climática global, COP26, no ano passado, quando foi realizada em Glasgow, na Escócia, pedindo uma “campanha de estilo militar” para aproveitar a riqueza do setor privado. “Qualquer líder que teve que enfrentar esses desafios com risco de vida sabe que o custo da inação é muito maior do que o custo da prevenção”, disse ele em seu discurso de abertura.

“Só posso pedir a vocês, como tomadores de decisão do mundo, que encontrem maneiras práticas de superar as diferenças para que todos possamos trabalhar juntos para resgatar este precioso planeta e salvar o futuro ameaçado de nossos jovens”, disse o novo monarca inglês nio seu pronunciamento na conferência mundial do clima.

Em 2020, no encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Charles lançou a Iniciativa de Mercados Sustentáveis, que visa fazer com que os líderes empresariais invistam em operações ecologicamente corretas. Desde então, mais de 500 CEOs prometeram seu apoio à Carta da Terra, lançada no ano passado. A promessa não vinculativa compromete os executivos-chefes a apoiar “acelerar rapidamente a transição do mundo para um futuro sustentável”.

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