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Enterprise Bridge sobre o Lago Oroville seco, em Oroville, estado norte-americano da Califórnia, que enfrenta seca severa a excepcional com o comprometimento do abastecimento de água para milhões de pessoas. | JOSH EDELSON/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma série de restrições de água sem precedentes teve início no começo deste mês na região da cidade de Los Angeles, que, assim como a maior parte do estado norte-americano da Califórnia, sofre com uma seca severa pelo terceiro ano consecutivo. Mais de 6 milhões de usuários são afetados por essas medidas que limitam notavelmente a irrigação a um dia por semana e apenas nas horas de temperatura mais baixa, sob pena de multa.

No entanto, os usuários têm a opção de reduzir o consumo de água per capita para pouco mais de 300 litros por dia, em vez de limitar a irrigação. Essa foi a opção escolhida pela cidade de Los Angeles, onde a irrigação está restrita agora a dois dias por semana, devido, possivelmente, ao fato de haver mais prédios e menos casas com jardim.

O objetivo é reduzir em 35% o consumo de água na região atendida pelo Metropolitan Water District (MWD) do Sul da Califórnia, que abrange 19 milhões de habitantes, quase metade da população do estado. O MWD, que atua em nome de 26 agências locais, depende de recursos localizados a centenas de quilômetros de distância para fornecer água.

Quase um terço da água provém do Norte da Califórnia, por meio do Projeto de Água do Estado, uma rede colossal de 21 barragens e mais de 1.600 quilômetros de canais e dutos que transportam água para o Sul a partir de Sierra Nevada.

Devido à seca crônica, agravada segundo especialistas pelas mudanças climáticas, mas na análise da MetSul potencializada por dois anos de La Niña que é variabilidade natural do clima, o Projeto de Água do Estado anunciou que este ano poderá contemplar apenas 5% da entrega habitual ao MWD, que não teve escolha a não ser tomar medidas drásticas.

Segundo especialistas, a água usada na irrigação representa de 70% a 80% do consumo urbano no Sul da Califórnia. “Se fizéssemos a transição para plantas e jardins mais adequados ao clima da Califórnia, poderíamos reduzir drasticamente nosso uso de água”, sugeriu Heather Cooley, diretora de pesquisas do Pacific Institute, grupo de especialistas focado nos problemas hídricos.

Com as mudanças climáticas, “o clichê americano do jardim com grama verde e cerca branca já não existe na Califórnia”, diz Javier, jardineiro entrevistado pela agência AFP em uma rua de Los Angeles. “Precisamos agora de uma vegetação resistente ao calor, cada vez mais pessoas nos pedem. Elas preferem ter um belo jardim na frente de casa, com plantas locais que não necessitem de muita água, como suculentas ou cactos, do que um gramado marrom sujo”, disse.

Segundo o boletim semanal do Observatório da Seca dos Estados Unidos, mais de 97% da Califórnia encontrava-se no começo de em condição de seca “grave, extrema ou excepcional”. O nível de muitas barragens e reservatórios de água está bem abaixo do normal, mesmo antes do começo do verão.

O rio Colorado, outra importante fonte de água usada no Sul da Califórnia e por dezenas de milhões de pessoas no Sudoeste dos Estados Unidos, também é gravemente afetado pela chuva muito abaixo da média dos últimos anos. A temperatura média durante o verão está 1,6°C acima do nível do fim do século 19 na Califórnia, o que tem contribuído para temporadas de fogo muito piores e a maioria dos grandes incêndios da história do estado ter ocorrido nos últimos anos.