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População de rua é a mais vulnerável ao frio na capital paulista que é mais intenso em três décadas nesta época do ano | FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL/EBC

A cidade de São Paulo enfrenta frio como se registrava há pelo menos três décadas nesta época do ano com a forte massa de ar polar que chegou ao Brasil e traz marcas incomuns no Centro do país. As madrugadas de ontem e hoje foram as mais geladas no mês na capital paulista em 32 anos, conforme dados do Inmet. O frio intenso ocorre no momento em que a cidade vive uma crise social com enorme crescimento da população de rua que é muito vulnerável durante períodos de baixa temperatura.

A temperatura mínima ontem na estação oficial do Instituto Nacional de Meteorologia no Mirante de Santana, na capital paulista, chegou a 6,6ºC. Hoje, o mesmo ponto de medição acusou 7,1ºC. Desde 1990 a cidade não observava marcas tão baixas no mês de maio, segundo a estatística oficial.

As menores marcas entre 1990 e 2022 em maio foram de 5,4ºC em 19/05/1990, 6,6ºC em 18/5/2022, 7,1ºC em 19/5/2022, 8,0ºC em 20/5/1999, 8,3ºC em 30/5/2000, 8,5ºC em 25/5/2007, 8,7ºC em 29/5/2000 e 8,9ºC em 27/5/2004.

Não bastasse a baixa temperatura, o vento agravou a sensação de frio na cidade de São Paulo. De acordo com dados das estações meteorológicas do Centro de Gerenciamento de Emergência da prefeitura paulistana, com o vento, a sensação ficou ao redor de 0ºC ontem em pontos da capital paulista.


O frio muito intenso e atipicamente forte em maio ocorre no momento em que a cidade de São Paulo enfrenta uma crise social que é visível nas ruas e avenidas com um salto da população desabrigada.

Nos últimos 2 anos, a população em situação de rua na capital paulista subiu 31%, segundo dados do Censo da População em Situação de Rua da prefeitura de São Paulo. De acordo com o levantamento, no começo deste ano 31.884 pessoas viviam nas ruas da cidade, ante 24.344 em 2019.

O frio da madrugada de ontem matou um morador de rua. Isaías de Faria, de 66 anos, recorreu ao centro de convivência São Martinho de Lima, na zona leste de São Paulo, na manhã de ontem. Apresentava sinais de fome e hipotermia. Após a triagem sofreu uma convulsão e morreu.

O governo de São Paulo, o Metrô e a Defesa Civil estadual anunciaram a abertura de um centro de acolhimento provisório para moradores de rua na estação Dom Pedro II, no Centro de São Paulo, nas noites mais frias do ano. Várias entidades e ONGs se mobilizam para auxiliar os moradores de rua, além de iniciativas individuais.

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