A nuvem de gafanhotos ameaça os produtores de Corrientes, que já estão em alerta, para evitar grandes perdas em cítricos, plantações e a cultura de erva mate. Em Santa Fé, onde chegou na quarta-feira passada, afetou os campos de trigo e aveia de pequenos produtores, mas ainda não há um registro real do impacto causado pela nuvem de gafanhotos.

Os especialistas acreditam que, dadas as condições climáticas previstas até agora, o grupo de insetos, que abrange cerca de 10 quilômetros de extensão, poderia ir para Entre Ríos.

No final da manhã desta quarta-feira, a Senasa informou que a última posição conhecida dos gafanhotos é em Sauce, província de Corrientes, perto de Entre Rios. 

Trata-se de uma localidade 100 km ao Sul de Perugorria, última posição conhecida até então da nuvem, sinalizando que não se desloca para Leste que levaria a nuvem para o Oeste gaúcho, mas técnicos argentinos alertam que os gafanhotos podem se mover até 150 quilômetros em um dia. 

Tudo depende da questão climática das próximas horas, principalmente do vento, esclareceram, mas nenhum técnico arrisca um prognóstico preciso. Uma nuvem de 10 quilômetros quadrados equivale a 350.000 pessoas comendo.

Segundo Héctor Medina, chefe do programa de Controle de Gafanhotos do Serviço Nacional de Saúde e Qualidade em Agroalimentos (Senasa), nas últimas horas a nuvem foi detectada em Perugorría e perto de Goya, Corrientes. “É uma praga que se move com o vento e as temperaturas. Estamos muito atentos ao que pode acontecer com o tempo”, afirmou.

Os danos na província de Formosa não foram tão relevantes. Isso afetou pequenos produtores de milho, mandioca e cana-de-açúcar, mas os dados do que isso representa no impacto ainda não foram divulgados “, afirmou Medina.

Em relação às lavouras de Santa Fé, ele apontou que os impactos ocorrem principalmente no cultivo de campos de trigo. “Na quinta e sexta-feira houve queixas naquela província, mas sabemos que o impacto não foi considerável, mas não temos dados específicos porque a nuvem está se movendo”, acrescentou.

Uma das soluções, indicou, seria diminuir a população. “A espécie é nativa da região e agora excedeu o limite. É migratória e transfronteiriça. Para monitorá-la, é feito um monitoramento precoce, mas esse grupo é do Paraguai. No momento, estamos trabalhando em um plano de gerenciamento e manejo entre os países e é por isso que existem alertas entre fronteiras”, enfatizou.  

O gráfico acima mostra a projeção do tempo do modelo WRF da MetSul para as próximas 72 horas na localidade da Argentina de Sauce, a última posição informada dos gafanhotos. A tendência é chover, mas não excessivamente. Já a temperatura deve cair muito com frio intenso.