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Perigosa situação de tempo severo é esperada entre o Nordeste da Argentina, o Paraguai e o Oeste do Sul do Brasil no fim da tarde e noite de hoje por conta do deslocamento de uma linha de instabilidade associada ao ambiente ciclogenético (de formação do ciclone) no Rio Grande do Sul.

Os sensores de descargas atmosféricas mostram uma linha de tempestades muito organizada que avança associada ao ciclone pelo Nordeste da Argentina, Paraguai e o Noroeste do Rio Grande do Sul.

As condições nas próximas horas serão muito propícias a tempo severo extremamente localizado – que é impossível prever onde ocorrerá exatamente com antecedência, nesta área entre os três países. O risco principal é de vendavais e fenômenos isolados severos como tornados ou correntes de vento descendentes violentas (micro-explosões).

O cenário, embora menos grave que há três anos, guarda semelhança com o do ciclone bomba de 30 de junho de 2020, quando uma linha de instabilidade associada ao ciclone avançou pela mesma região. Felizmente, desta vez, o risco parece menor que em 2020 de vendavais intensos em tantos lugares. Três anos atrás, a linha de instabilidade causou danos em Santa Catarina de Oeste a Leste assim como no Paraná.

As condições atmosféricas são propícias para a ocorrência de fenômenos severos de vento na passagem desta linha de instabilidade nas próximas horas. Observe abaixo o mapa de vento no nível de 850 hPa, que corresponde a 1.500 metros de altitude. Veja como há um corredor de vento muito intenso de Norte com ar quente sobre o Paraguai, o Noroeste gaúcho, o Oeste catarinense e o Oeste do Paraná.

É o que em Meteorologia se chama de corrente de jato de baixos níveis (JBN). Este fenômeno gera maior divergência de vento na atmosfera (cisalhamento) e agrava tremendamente o risco de episódios severos isolados de vento como tornados ou microexplosões.

Há o agravante ainda de que a pressão está em queda livre com a formação do ciclone, portanto muito baixa, o que também piora o risco de fenômenos severos de vento isolados e granizo de variado tamanho. Não bastasse, ar frio vai estar avançando pelo Nordeste da Argentina e vai encontrar o ar mais quente com a corrente de jato intensa em sua dianteira.

O contraste de temperatura e umidade com uma frente fria avançando, a pressão muito baixa com o ciclone sobre o Rio Grande do Sul e o jato de baixos níveis criarão as condições ideias para fenômenos severos de vento muito localizados.

Conforme a avaliação deste cenário pela MetSul, o maior risco de vendavais, tornados ou ainda microexplosões se dará em províncias do Nordeste argentino, como Corrientes e Misiones, no Paraguai, no Noroeste e no Norte gaúcho, no Oeste e Meio-Oeste catarinense e no Oeste do Paraná.