Cidades do Oeste do Rio Grande do Sul registraram apenas entre sexta-feira e ontem acumulados de chuva equivalentes a um a dois meses de precipitação por suas médias históricas de precipitação, um evento de chuva excepcional pela enorme volume em tão curto período.
Estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia registram entre o final da quinta, quando começou a chover no Oeste, e a tarde deste domingo, acumulados de 279 mm em Uruguaiana, 168 mm em Alegrete, 155 mm em Quaraí, 117 mm em Tupanciretã, 116 mm em São Vicente do Sul e 108 mm em Santiago.
No mesmo período, a rede oficial ainda anotou 95 mm em Livramento, 76 mm em São Gabriel, 66 mm em Dom Pedrito, 61 mm em Bagé e Frederico Westphalen, 59 mm em Santo Augusto, 57 mm em São Borja e 51 mm em Santa Maria.
O que explica dois meses de chuva em apenas dois dias no Oeste do Rio Grande do Sul? A resposta está numa massa de ar quente, muito úmida e bastante instável trazida por um corredor de umidade (rio atmosférico) vindo da Amazônia pelo interior do continente até as latitudes médias da América do Sul. Foi o mesmo corredor de umidade que provocou chuva da ordem de 200 mm a 350 mm dias antes do Centro da Argentina e no Sul-Sudoeste do Uruguai.
Os rios atmosféricos são regiões longas e concentradas na atmosfera que transportam ar úmido dos trópicos para latitudes mais altas. O ar úmido, combinado com ventos de alta velocidade, produz chuva pesada e neve, conforme a região no mundo. Esses eventos extremos de precipitação podem levar a inundações repentinas, deslizamentos de terra e danos catastróficos à vida e à propriedade.
Embora os rios atmosféricos tenham muitas formas e tamanhos, aqueles que contêm as maiores quantidades de vapor de água podem criar chuvas e inundações extremas, muitas vezes parando sobre bacias hidrográficas vulneráveis a inundações. Tais episódios podem interromper estradas, induzir deslizamentos de terra e causar danos catastróficos à vida e à propriedade.
No Brasil, estes rios atmosféricos se originam principalmente da região amazônica. Na maioria das vezes, um corredor de umidade se forma e avança pelo interior da América do Sul no sentido Sul até alcançar as latitudes médias e trazer chuva para o Sul do país. O Sul do Brasil tem a influências destes rios atmosféricos em qualquer época do ano. No Centro-Oeste e no Sudeste, estes corredores de umidade atuam mais nos meses quentes do ano.
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