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Porto Alegre terminará a primeira quinzena de março nesta sexta-feira com tão-somente 3 dias em que a temperatura máxima superou a marca de 30ºC na estação do Inmet no bairro Jardim Botânico: 1º/3 (30,2ºC), 2/3 (33,3ºC) e 11/3 (30,2º). No ano passado, a título de comparação, no mesmo período, foram 11 dias com marcas de mais de 30ºC no local. Para se ter ideia, no gélido julho do ano passado, que teve 16 dias de temperatura mínima negativa no Estado, a estação do Jardim Botânico registrou 2 dias com máximas acima de 30ºC na primeira quinzena do mês: 1º/7 (30,3ºC) e 2/7 (31,1ºC). No muito quente e atípico agosto do ano passado, em pleno inverno, houve mais dias com 30ºC em Porto Alegre na primeira quinzena do mês que agora neste março de 2013 (verão). Foram 4 dias: 3/8 (30,6ºC), 11/8 (31,1ºC), 12/8 (30,4ºC) e 15/8 (31,7ºC).


Nunca nos últimos 15 anos houve número tão baixo de dias com marcas acima de 30ºC na primeira metade de março: 1998 (7 dias), 1999 (12), 2000 (4), 2001 (10), 2002 (9), 2003 (7), 2004 (8), 2005 (10), 2006 (10), 2007 (5), 2008 (4), 2009 (7), 2010 (7), 2012 (11). Situação semelhante na última década e meia, assim, apenas em 2000 e 2008, mas com número ainda acima do que se registra agora. Poderia se especular que condições de La Niña, presentes tanto em 2000 como em 2008, estariam por trás da ausência da “quase” ausência de calor na primeira metade de março, mas hoje não temos La Niña e existe 1999 para desmentir, afinal o ano era de La Niña e a primeira metade de março teve 12 dias com mais de 30ºC, inclusive com 3 dias acima de 35ºC: 1º/3 (35,6ºC), 2/3 (36,7ºC) e 9/3 (36,0ºC). Estes três anos de escasso calor na primeira metade de março (2000, 2008 e 2013), contudo, tinham extensas áreas de águas mais frias que a média no Atlântico Sul na primeira metade do mês. O difícil é separar a relação de causa e efeito, já que pulsos de ar frio e ciclones sobre o oceano tendem a resfriar as águas que, por sua vez mais frias, tendem a favorecer temperatura mais baixa no continente (retroalimentação).


O outono, na prática, então, chegou mais cedo. Considerando o que ocorreu nos últimos meses, é como se o calendário do clima estivesse adiantado em 20 a 30 dias. O auge do calor do verão, que tradicionalmente se dá entre janeiro e fevereiro, na atual estação foi no Natal e nos dias que antecederam a data com valores extremos na Capital e interior. Janeiro e fevereiro apresentaram alta freqüência de incursões de ar frio, o que se repete em março. Ontem, o Sul gaúcho amanheceu com 7,5ºC em Bagé e 7,7ºC em Morro Redondo. Hoje fez 11,4ºC em Bagé, apesar da nebulosidade. E a instabilidade de hoje é gerada pelo avanço de novo pulso de ar mais frio (reforço) e que ingressará no Estado neste fim de semana, não só prolongando este período de marcas amenas como trazendo frio mais intenso à noite no início da semana. Pode se discutir se os invernos, como um todo, foram rigorosos, mas certo é que, coincidência ou não, os dois anos (2000 e 2008) com escasso calor na primeira metade de março tiveram mais tarde eventos extremos e históricos de frio. Em 2000, a poderosa onda de frio da segunda semana de julho seguida por intensas massas de ar polar, e em 2008 a maior nevada registrada em décadas no Sul gaúcho em pleno mês de setembro.