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A ilha de La Palma registrou nas últimas horas o maior número de terremotos desde que teve início a crise vulcânica no mês de setembro. De acordo com o geólogo Rubén López, somente nos últimos três dias foram observados 761 terremotos, sendo que a terça-feira teve número recorde diário com 374 desde que a terra começou a tremer uma semana antes do começo da erupção em 19 de setembro.

Conforme López, os abalos são registrados em faixas intermediárias, logo não muito profundos nem tampouco perto da superfície, e de forma muito irregular. O abalo mais forte no começo desta quarta-feira teve magnitude de 4,0 e foi registrado a 11 quilômetros de profundidade em Fuencaliente.

O último relatório oficial indica que o processo eruptivo continua a apresentar episódios de aumento e diminuição da atividade estromboliana com fases de explosão em que há depósitos piroclásticos com fases efusivas com emissão de lava. Além disso, todos os centros emissores estiveram inativos em algum momento e, desde então, têm estado muito intermitentes.


Atualmente, a lava flui principalmente sobre os fluxos já existentes na ilha e a sismicidade em profundidades intermediárias mantém o aumento dos últimos dias. Quanto à qualidade do ar, em geral, é boa, e os ventos dispersam as cinzas e gases no sentido Sudoeste. Com isso, a situação é favorável para as operações aeronáuticas no aeroporto local.

Erupção do vulcão é VEI-3

A magnitude da erupção do vulcão Cumbre Vieja, em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, foi elevada de VEI-2 para VEI-3 no último mês. A decisão de subir o índice de explosividade da erupção ocorreu após a constatação que 10 milhões de metros cúbicos de material piroclástico já tinham sido emitidos.

Em vulcanologia, existe uma escala conhecida como Índice de Explosividade Vulcânica (IEV-VEI), que é um indicador do tamanho e da explosividade das erupções. Ele registra a quantidade (volume) de material que um vulcão expele e a altura da nuvem de erupção. A escala IEV-VEI varia de 0 a 8, mas é logarítmica, o que significa que um aumento de 1 na escala representa uma explosão 10 vezes mais potente.

A erupção de La Palma agora alcança a escala 3. Em comparação, o VEI do vulcão da Islândia Eyjafjallajökull, que paralisou, o transporte aéreo europeu foi VEI-4. O evento do Vesúvio que destruiu Pompeia foi VEI-5. Já a erupção do Pinatubo, do começo da década de 90, que trouxe resfriamento do planeta, foi VEI-6.

Histórico de atividade vulcânica

A erupção é a primeira em La Palma desde outubro de 1971, quando o vulcão Teneguia expeliu lava durante três semanas. La Palma, com 85 mil habitantes, é uma das oito ilhas do Arquipélago das Canárias. No seu ponto mais próximo com a África, dista 100 quilômetros do Marrocos. As Canárias estão a 460 quilômetros da ilha da Madeira, em Portugal, e a 1.428 quilômetros da Ilha do Sal, em Cabo Verde.

A atividade vulcânica na parte Sul da ilha de La Palma já dura pelo menos 125.000 anos e formou o vulcão conhecido como Cumbre Vieja, ou também simplesmente como Dorsal Sur. Apesar de serem estruturas diferentes, o Cumbre Vieja pode fazer parte do vulcão Taburiente. O Cumbre Vieja entrou em erupção em 1971, 1949, 1712, 1677, 1646 e 1585.

É o vulcão mais ativo das Ilhas Canárias. As erupções ocorreram em intervalos de 20-60 anos. Exceção foi a notável dormência de 237 anos entre 1712 e 1949. Cientistas especulam que a enorme erupção de seis anos na vizinha Ilha de Lanzarote, em 1730, induziu a longa dormência em Cumbre Vieja de mais de dois séculos até 1949.