Moradores de Porto Alegre, região metropolitana, interior do Rio Grande do Sul e até em alguns departamentos do Uruguai, observam nesta quinta-feira a presença de nuvens coloridas no céu, o que chama muito a atenção do público. Um fenômeno óptico raro chamado de arco circum-horizontal ou “arco-íris de fogo” foi observado em Porto Alegre e outros municípios.

Arco circum-horizontal em Canoas | MÁRCIA HENNING
Desde cedo, nuvens altas do tipo Cirrus podiam ser observadas sobre o Rio Grande do Sul. São nuvens altas na atmosfera e formadas por cristais de gelo, o que favorece o fenômeno óptico das nuvens coloridas.
O que ocorre? São nuvens iridescentes! Quando partes das nuvens são finas e têm gotículas de tamanho semelhante, a difração da luz solar pode fazê-las brilhar com cores. O efeito é chamado de iridescência, termos derivados de Iris, a personificação grega do arco-íris.
As cores geralmente delicadas podem estar em manchas ou faixas quase aleatórias nas bordas das nuvens. Eles só são organizados em anéis coronais quando o tamanho da gota é uniforme em toda a nuvem. As bandas e cores mudam ou vêm e vão conforme a nuvem evolui.
Ocorrem mais frequentemente em nuvens Altocumulus, Cirrocumulus e especialmente em nuvens lenticulares. A iridescência é observada principalmente quando parte de uma nuvem está se formando, porque todas as gotículas têm uma história semelhante e, consequentemente, um tamanho semelhante.
A difração fora da gota de chuva ou do cristal de gelo. Requer gotas de água muito pequenas e redondas ou cristais de gelo. Raios de luz são dobrados ao redor da periferia da gota, quase como se estivessem deslizando ao longo de sua borda.
É semelhante aos tons que vemos em uma bolha de sabão, mancha de óleo ou em um DVD. Para que uma nuvem seja iridescente, todas as gotículas devem ter tamanho quase uniforme e a nuvem precisa estar perto do sol do ponto de vista do observador. Isso geralmente não acontece no topo das tempestades, já que as gotas de água estão entrando em uma região mais fria da baixa atmosfera e fazendo a transição para o gelo.
Às vezes, a iridescência pode ser vista longe do sol, mas é mais frequente perto dele. A iridescência muito mais rara é a das nuvens nacaradas ou madrepérola que ocorrem em regiões perto dos polos.
Mas nesta quinta-feira não há apenas as mais comuns nuvens iridescentes que não chegam a ser raras. Em Porto Alegre e outras cidades foi observada no céu a presença de um faixa colorida quase reta.

Arco circum-horizontal em Porto Alegre | JULIANO SCHULER
O que é isso? É um fenômeno óptico tecnicamente chamado de arco circum-horizontal. Esse fenômeno óptico é popularmente conhecido como arco-íris de fogo, em vez do nome mais técnico e matemático “arco circum-horizontal”, que é encontrado mais em livros de geografia e menos no linguajar comum.
Então, o que é esse arco-íris de fogo e como ele se forma? Os arcos íris de fogo não são realmente arco-íris e não têm nada a ver com fogo, não sendo um fenômeno óptico comum de se observar no Rio Grande do Sul.
“Arco-íris de fogo” é um termo inadequado que aparentemente foi cunhado por um jornalista em 2006. Talvez esses arcos íris tenham recebido esse nome porque se formam em nuvens altas e finas que lembram chamas brilhantes iluminando o céu.
Steve Ackerman, professor de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da Universidade de Wisconsin-Madison, acredita que várias variáveis devem coincidir para que esse fenômeno ocorra. Um arco-íris de fogo é um dos poucos tipos de halos formados pela refração da luz em cristais de gelo em forma de placas misturados na atmosfera, ocorrendo tipicamente em nuvens do tipo Cirrus.

Arco circum-horizontal em Porto Alegre | DANIEL SCOLA

Arco circum-horizontal em Cachoeirinha | EVERTON DA TRINDADE

Arco circum-horizontal em Canoas | CARLA LUCIANA

Arco circum-horizontal em Sapiranga | JOÃO LUIZ CECATTO
O arco circum-horizontal é um fenômeno ótico pertencente à família dos halos de gelo. Apresenta-se paralelo ao horizonte e com grande extensão se plenamente desenvolvido. Com cores bastante vívidas, forma-se quando o Sol está a uma altura superior a 57,8 graus acima do horizonte, o que o impede de se formar em latitudes superiores a 55°, nas quais o Sol não alcança tal altura em relação ao horizonte.
Esse arco se forma quando a luz entra pela face lateral de um cristal de gelo prismático e hexagonal e sai pela base inferior do cristal. Tal fenômeno nunca ocorre simultaneamente a um arco circunzenital.
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