O geógrafo e colaborador da MetSul Meteorologia Nilson Wolff, de Campo Bom, registrou no amanhecer desta sexta-feira um agrupamento de nuvens lenticulares sobre a Serra Gaúcha, a partir do Vale do Sinos. Conforme o meteorologista Eugenio Hackbart, trata-se de um registro raro no Rio Grande do Sul. As nuvens lenticulares têm aspecto suave, em formato oval ou circular, com aspecto de uma lente, em regra observadas de forma isolada ou em grupo nas proximidades ou sobre montanhas.


Agora a visão de quem estava na Serra. A leitora da MetSul Meteorologia Juliana FK enviou imagem das nuvens lenticulares da manhã de hoje, feitas via aplicativo Instagram, para a página no Facebook da MetSul. O registro foi relizado a partir do município de Ivoti, logo na subida da Serra Gaúcha.

As nuvens lenticulares não se movem. Elas se formam e se transformam continuamente num mesmo ponto à medida que o ar ascende na atmosfera sobre morro ou montanha, condensando-se e produzindo a nuvem. Estão assim, associadas, a ondas na atmosfera que se desenvolvem quando o ar relativamente estável ascende rapidamente ao encontrar uma barreira topográfica perpendicular à direção do vento soprando em altos níveis da atmosfera. As nuvens lenticulares são mais comuns no inverno porque o vento em níveis mais altos da atmosfera geralmente é mais forte. Na história da ufologia, muitas vezes foram confundidas com discos voadores pelo seu aspecto semelhante, tanto que são conhecidas também como nuvens UFO (OVNI em Inglês).

As nuvens lenticulares se formam normalmente entre 6 mil e 12 mil metros de altitude, como dito, com a presença de vento mais forte. No caso de hoje, a sondagem realizada às nove da manhã no Aeroporto Salgado Filho mostrou vento muito forte em níveis mais baixos da atmosfera, não nos tradicionais 10 a 12 mil metros da corrente de jato. Os dados indicaram vento do quadrante Oeste de 75 nós a 5.600 metros, 111 nós em 7220 metros, 113 nós em 9230 metros, 114 nós em 10430 metros e 1156 nós a 11000 metros.

Quando aeronaves encontram uma onda montanha, em regra há turbulência forte a até severa. Uma das formas de se constatar a presença de ondas de montanha é justamente a presença de nuvens lenticulares. Mas quando o ar está muito seco, e as nuvens não se formam, os pilotos não têm a advertência visual sobre o risco de turbulência na presença das ondas. Aqui na América do Sul, o local onde as nuvens lenticulares são mais comuns é na região da Cordilheira dos Andes, onde as montanhas atingem até mais de seis mil metros de altitude.