O Rio Grande do Sul enfrenta uma terça-feira de chuva intensa e tempestades em várias de suas regiões. Diversas cidades enfrentaram granizo nas últimas horas e algumas registram danos pelas pedras de gelo de médio a grande tamanho. O estado ainda registra grande quantidade de raios e rajadas de vento forte.
Esgotados por três semanas seguidas de chuva que levam ao setembro sem precedentes em termos de volumes de precipitação no estado, com um desastre com 50 mortos no começo do mês, sucessivas enchentes que não têm fim e inúmeros temporais, a pergunta que os gaúchos mais fazem é: quando vai parar a chuva?
Hoje, não. Trata-se de um dia de enorme instabilidade atmosférica e tempo severo no território gaúcho. Consequência de um cenário meteorológico complexo que passa, acima de tudo, pela interação de uma área de baixa pressão com uma massa de ar excepcionalmente quente sobre o Brasil e que ontem trouxe 43ºC em Minas Gerais e marcas de 43ºC a 44ºC em estações do Ciiagro, no estado de São Paulo.
Este centro de baixa pressão avança do Nordeste da Argentina e do Paraguai para o Sul do Brasil nesta terça. O sistema se aprofunda ao cruzar pela região entre o Norte gaúcho e Santa Catarina, o que traz a chuva forte e os temporais de granizo com vento hoje no estado. Como se sabe, baixas pressões reforçam a instabilidade. No fim do dia, entretanto, a chuva já vai estar mais fraca na maioria das cidades gaúchas, embora ainda chova forte em alguns pontos.
Para complicar o cenário desta terça-feira, há ainda o ingresso de ar muito quente em altitude na Metade Norte gaúcha com uma corrente de jato em baixos níveis trazendo forte vento do quadrante Norte no Noroeste e no Norte do estado. O ar muito quente garante a energia para a formação das nuvens de tempestades.
Normalmente, neste tipo de situação em que a instabilidade é acompanhada por ar muito quente em altitude há muita incidência de raios e abundante queda de granizo em muitos pontos, tal como está se vendo desde cedo hoje. O granizo, aliás, é o maior risco nesta terça no Rio Grande do Sul e no Leste de Santa Catarina com diâmetro médio a grande em alguns locais. Quanto mais ar quente presente, maior o risco de granizo grande.
O centro de baixa pressão que hoje traz muita chuva e temporais dará origem, então, a um ciclone na costa amanhã, quando o Sul e o Leste do estado devem ter rajadas de vento, em média, de 60 km/h a 80 km/h e superiores em alguns pontos da orla e dos Campos de Cima da Serra. Há risco de queda de árvores e cortes de energia.
Amanhã, começa o alívio. O ciclone estará sobre o mar e a circulação ciclônica ainda traz chuva nas Metades Norte e Leste do estado gaúcho, mas com volumes menores. Será quando a frente fria avançará por Santa Catarina e o Paraná, com maior intensidade no território catarinense. Ar mais frio e de alta pressão vai avançar e começar a melhorar o tempo no Rio Grande do Sul. Veja na sequência de mapas do modelo europeu como deve ficar o tempo amanhã.
Assim, como se vê, à medida que o ciclone se afasta no decorrer da quarta o tempo deve começar a melhorar aos poucos no estado. Chove ainda pela circulação ciclônica em vários pontos nesta quarta, mas em alguns locais do Oeste o dia já não terá mais chuva. O sol aparece no decorrer do dia em diferentes locais e em alguns, pela circulação, haverá nebulosidade variável com sol, nuvens e chuva com fortes a intensas rajadas de vento do quadrante Sul no Sul e no Leste do estado.
Na quinta, o Rio Grande do Sul vai estar sob a influência da crista de um centro de alta pressão no Atlântico Sul. O sol predomina no estado, embora nuvens se façam presentes ainda na maioria das cidades, especialmente nas Metades Sul e Leste. Chance de chuva isolada em poucos pontos perto da cost. A quinta começa com frio no território gaúcho e mínimas ao redor dos 5ºC na Campanha.
Na sexta, o sol aparece com nuvens no estado e ocorrem momentos com maior nebulosidade em algumas áreas. No fim do dia, não se afasta chuva na divisa com Santa Catarina. No sábado, áreas de instabilidade atuam novamente no estado com chuva mais na Metade Norte. Mas entre domingo e terça, o sol predomina no estado com tempo bastante aberto. Frente fria chega ao Rio Grande do Sul no dia 4 de outubro com chuva e temporais.
É fundamental recordar que o clima no momento está sendo influenciado por um El Niño em intensificação, assim que a chuva se torna não apenas mais volumosa como muito mais frequente no Rio Grande do Sul. Assim, os períodos de tempo firme e sol entre os eventos de chuva tendem a ser mais curtos, às vezes de não mais que dois ou três dias, como se viu neste mês de setembro.