Novo episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) pode trazer muita chuva em pontos do Centro-Oeste e do Sudeste nesta segunda metade do mês |TIMOTHY CLARY/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Quais regiões devem ter mais chuva nesta segunda metade de novembro? A primeira metade do mês foi marcada por excesso e escassez de precipitação, dependendo da área do Brasil. No Rio Grande do Sul, por exemplo, choveu muito pouco sob a influência de massas de ar frio que trouxeram noites de temperatura baixa em pleno novembro.

Os primeiros quinze dias do mês, ao contrário, foram de altos volumes em áreas dos estados do Espirito Santo, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Tocantins, grande parte do Pará, Mato Grosso, Sul do Amazonas, Norte de Rondônia e no Acre.

Esta grande área de chuva mais abundante foi favorecida pela formação de um episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) logo no início do mês. Além disso, outro fator que contribuiu para os altos volumes de precipitação no Centro-Norte do país foi o fenômeno La Niña.

Mas o que esperar para a segunda quinzena deste mês no Brasil?

Segundo os modelos de previsão de precipitação acumulada nos próximos quinze dias, que você tem disponível em nossa seção de mapas, as regiões Norte, Centro-Oeste e partes das regiões Sudeste e do Nordeste devem ter um cenário favorável para altos volumes de chuva, seguindo a tendência da primeira metade do mês. Os volumes podem variar de 100 mm a 250 mm nestas áreas e, pontualmente, podem passar de 300 mm.

Segundo o modelo GFS, que está disponível para os assinantes da MetSul, as áreas de maior precipitação devem ficar sobre a região Centro-Oeste, afetando principalmente a maioria das áreas do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Nestes pontos, os prognósticos de precipitação para os próximos quinze dias se situam, em geral, entre 100 mm e 200 mm.

Em pontos do Mato Grosso e do Sul de Goiás os volumes podem chegar mesmo a 300 mm com registros isolados superiores. É uma má notícia para produtores do Centro-Oeste do que estão com seu plantio da safra pelo excesso de precipitação das últimas semanas que levou à paralisação do plantio.

Novo evento de ZCAS trará bastante chuva

Na Região Sudeste, por sua vez, são esperados volumes mais expressivos nos estados de Minas Gerais, Espirito Santo e na maior parte do Rio de Janeiro. Os valores de precipitação acumulada devem ficar entre 100 mm e 250 mm nestas áreas. Pontualmente, a chuva deve ter valores superiores. Em São Paulo, os volumes devem ser inferiores em comparação com os estados vizinhos, mas pontos do território paulista podem ter chuva abundante, especialmente mais ao Norte.

No geral, a chuva tende a se situar entre 50 mm e 100 mm na maior parte das áreas do estado de São Paulo. Na capital, na cidade de São Paulo se espera um período muito chuvoso com volumes altos entre os 18 e 20 e um segundo evento de instabilidade mais intenso depois do dia 24 deste mês.

No Norte do país, os valores devem ficar entre 100 mm e 250 mm em grande parte da região, mas com registros isolados maiores que podem atingir entre 250 mm e  350 mm em áreas ao Sul do estado do Pará, próximas à divisa com o Mato Grosso.

A frente fria que deve passar na segunda metade desta semana pelo Sul do Brasil deve favorecer a ocorrência de um novo evento de ZCAS que trará altos volumes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Uma vez que seu eixo de inclinação deve estar mais deslocado para o Norte neste segundo episódio da Zona de Convergência do Atlântico Sul, parte da Região Nordeste pode também esperar altos volumes de precipitação.

O que é a ZCAS?

A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é conhecida por uma faixa de nebulosidade que atravessa o Brasil. Este corredor de umidade, um verdadeiro rio atmosférico, tem uma orientação climatológica típica de Noroeste para Sudeste, estendendo-se da região da Amazônica até o litoral da Região Sudeste.

Em alguns casos, especialmente durante o verão, a orientação da ZCAS chega a levar a faixa de maior instabilidade até os litorais do Paraná e de Santa Catarina, o que explica o tempo às vezes muito chuvoso durante o verão no litoral catarinense enquanto o Oeste de Santa Catarina enfrenta estiagem e falta de chuva.

Os eventos de ZCAS são sazonais. São comuns entre os meses de novembro e março, ou seja, é um fenômeno típico de estação quente e podem durar até dez dias consecutivos, causando grandes volumes de precipitação nas áreas de atuação.

Tais eventos podem ser iniciados com a participação de frentes frias, que atravessam o Sul do Brasil e que ao chegarem na Região Sudeste passam a gerar convergência de umidade da região amazônica até o Oceano Atlântico. A frente fria, por si só, não é a grande responsável pela convergência de umidade. A área de alta pressão que atua sobre o Oceano Atlântico também tem uma parcela de contribuição para transportar a umidade da região amazônica para as demais áreas.

Onde vai chover menos?

Em contrapartida, as áreas do Sul do Brasil devem ter uma segunda quinzena do mês de novembro com menores acumulados de precipitação em relação às outras regiões do país. Os volumes esperados nestes 15 dias devem ser muito variáveis com marcas no período que sequer vão superar 30 mm em alguns municípios, particularmente do Rio Grande do Sul, e registros pontuais de 75 mm a 150 mm em pontos entre a Metade Norte gaúcha e o Paraná. No extremo sul gaúcho os valores podem ser ainda mais baixos. A marca da chuva no Sul do país vai ser a irregularidade com enorme variabilidade de volumes de ponto pra outro.

Na mesma tendência de chuva menos abundante, no Nordeste do país estão as áreas da Zona da Mata, Agreste e do Sertão. A chuva deve ser muito escassa nestas áreas devido à localização do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis do Nordeste Brasileiro (VCAN-NeB), que é mais um sistema de tempo típico de estações quentes no Brasil. Os modelos prognósticos de precipitação para os próximos quinze dias indicam valores, no geral, entre 2 mm e 20 mm para estas zonas. Isso quer dize, que a região deve passar pelo menos até o final do mês por condições de estiagem.