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O Rio Grande do Sul sofre pela primeira vez em 2023 a influência de um  corredor de fumaça de queimadas vindo da região amazônica. Dados de satélites e de modelos de dispersão de aerossóis confirmam que um corredor de fumaça alcançou o território do estado e sua origem é a região transnacional da Amazônia.

SISTEMA COPERNICUS

O mapa acima mostra o corredor de fumaça pelo modelo de dispersão de aerossóis CAMS do Sistema Copernicus. Observa-se com clareza o corredor que tem origem na região amazônica, avança pelo interior do continente rumo ao Sul e alcança o Rio Grande do Sul, onde o corredor se recurva para Leste.

Na imagem do modelo europeu, chama atenção também como a maior concentração de aerossóis está sobre o estado do Amazonas. O estado da Região Norte registra um número de queimadas muito acima do normal neste mês, especialmente numa área que as autoridades denominaram de “arco do desmatamento”, no Sul do estado.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o estado do Amazonas teve nos primeiros 20 dias deste mês 5.224 focos de calor identificados por satélites. O número supera e muito a média histórica de 1998-2022 de 3.003 focos de calor no nono mês do ano.

Trata-se já do segundo pior setembro de fogo no Amazonas em toda a série histórica, dez dias antes de o mês terminar. Somente 2022, com 8.659 focos de calor, registrou mais queimadas no Amazonas que 2023.

O Amazonas chegou a registrar mais de mil focos em um único dia neste mês. No dia 5, segundo dados do Inpe, foram 1.255 focos de calor captados por satélites. O segundo pior dia deste mês foi o dia 4 com 468 focos e o terceiro o dia 7 com 381.

A chegada da fumaça com presença de material particulado na atmosfera fez com que a lua na noite da quarta-feira tivesse um aspecto alaranjado em diversas cidades gaúchas. Já no fim da tarde se observava o pôr do sol com cores mais vibrantes pela presença da fumaça na atmosfera.

Fim de tarde de quarta em Porto Alegre com a presença da fumaça no céu | FERNANDO OLIVEIRA

A tendência é que a fumaça siga sobre o Rio Grande do Sul até o fim de semana, uma vez que no período persistirá a influência de uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera no interior do continente, trazendo a fumaça da Amazônia, Bolívia e o Centro-Oeste do Brasil para o Sul.

Este jato de baixos níveis é um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude que se origina na Bolívia e vem até as latitudes médias da América do Sul com ar quente e seco. Por isso, nos próximos dias, além da fumaça, o Rio Grande do Sul deve ter ar quente e forte calor principalmente na Metade Norte gaúcha.

A extraordinária onda de calor prevista para os próximos dias entre o Paraguai, a Bolívia, e o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil com marcas extremas de temperatura deve contribuir para um aumento no número de focos de incêndios e queimadas nos biomas Pantanal, Amazônia e Cerrado.

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