A tendência para os próximos sete dias de precipitação no Centro-Sul do Brasil mantém o padrão atmosférico observado no final de fevereiro e no começo deste mês de março com pouca chuva e calor em quase todo a Região Sudeste e os maiores volumes de chuva concentrados em parte do Sul do Brasil e do Centro-Oeste brasileiro.

O mapa acima mostra a projeção de chuva para sete dias do modelo meteorológico alemão Icon, disponível ao assinante na seção de mapas do site e com quatro atualizações diárias. Observa-se no mapa a tendência de no período os acumulados serem maiores nos três estados do Sul enquanto em grande parte do Brasil Central continua o padrão de precipitações abaixo da média.

O motivo principal para que a chuva aumente no Sul e diminua no Centro do Brasil é a orientação do canal primário de umidade da América do Sul, o grande rio voador com umidade da Amazônia. Durante o verão, o canal com a umidade da Amazônia costuma atuar mais na faixa central do Brasil, reforçando-se em eventos da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

Já no inverno, pelo bloqueio da estação seca do Brasil Central, o canal é forçado para o Sul e o rio voador é frequente no Centro e Nordeste da Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É o que explica em grande parte as médias de precipitação serem as mais altas durante os meses de inverno e de começo de primavera no território gaúcho.

Com gaúchos, catarinenses e paranaenses assolados por uma seca severa em muitas cidades e centenas de munícipios em situação de emergência pela estiagem, que seca rios e dizima lavouras com prejuízos de dezenas de bilhões de reais, o deslocamento do canal de umidade para uma posição mais ao Sul que sua localização normal climatológica desta época do ano representa a oportunidade de um alívio, mesmo que parcial, no déficit hídrico.

Conforme se observa no mapa de precipitação, a tendência é se repetir o observado no começo desta semana com chuva mais expressiva no Oeste e no Sul do Rio Grande do Sul enquanto nas demais áreas da Região Sul os volumes nos próximos sete dias devem ser menores, exceção de pontos isolados que podem ter chuva volumosa acompanhando temporais, como se viu nesta semana em Joinville.

Uma frente fria vai ingressar no Sul do Brasil no começo da semana, trazendo chuva para um grande número de cidades. Já no fim de semana, especialmente no domingo, o tempo tende a se instabilizar em parte do território gaúcho, mas as precipitações se generalizam entre o domingo e a segunda-feira. Na metade da próxima semana, a instabilidade volta a aumentar no Sul do país.

No Centro-Oeste, por sua vez, os maiores acumulados de chuva nos próximos sete dias tendem a ocorrer no estado do Mato Grosso enquanto na maioria dos municípios de Goiás e do Mato Grosso do Sul a chuva deve ser mais escassa e irregular. Ocorrem pancadas isoladas com enorme variabilidade de volumes de um local para outro.

Na Região Sudeste, a chuva estará muito abaixo do que é normal para esta época do ano durante os próximos sete dias com baixos volumes em muitas áreas. Haverá cidades que vão passar vários dias seguidos com sol e sem registro de precipitação, o que não é comum em se tratando do verão.

A chuva será pouca e até escassa em muitas áreas do Sudeste. Embora a tendência de chover pouco nos próximos sete dias em quase todo o Sudeste do Brasil, há o risco de episódios muito isolados de chuva forte a intensa com altos volumes em curto período, tal como ocorreu na cidade de São Paulo dias atrás. O tempo mais aberto no Sudeste favorecerá forte a intenso calor e, com a umidade na atmosfera, formam-se nuvens localizadas de temporal que podem trazer chuva volumosa a excessiva isolada.