Pessoas se refrescam em meio à onda de calor escaldante em Sevilha, na Espanha. Portugal teve recorde de calor para o mês de julho com 47ºC e canícula castiga ainda a França. | CRISTINA QUICLER/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Os bombeiros continuam sua luta implacável contra as chamas na França e na Península Ibérica, onde as temperaturas sufocantes não deram trégua, enquanto o Reino Unido emitiu um alerta vermelho por calor, o primeiro da história, com o Met Office prognosticando máxima de 40ºC pela primeira vez no Reino Unido. A maior temperatura já observada no Reino Unido é de 38,7ºC, em 2019.

Na Península Ibérica, na região da Estremadura, Sudoeste da Espanha, fronteira com Portugal, onde milhares de hectares queimam desde o início da semana, um novo incêndio foi declarado na tarde de ontem. O foco de fogo apresenta “evolução desfavorável” e que ameaça o Parque Nacional de Monfragüe, área natural protegida por sua biodiversidade.

O solo seco e as altas temperaturas fazem do monte “um explosivo extraordinário e um inimigo brutal” dos bombeiros, lamentou o presidente regional da Estremadura, Guillermo Fernández Vara. Do outro lado da fronteira em Portugal, mais de 2.000 bombeiros combatiam na sexta-feira quatro grandes incêndios no Norte e Centro do país.

Embora a situação tenha melhorado um pouco nas últimas horas, as autoridades pediram para não se baixar a guarda. “Devemos seguir vigilantes por mais alguns dias”, disse o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na quinta-feira à noite. De acordo com a proteção civil portuguesa, os incêndios já deixam um morto e cerca de 60 feridos. Desde o início do ano, mais de 30.000 hectares arderam em Portugal, o número mais alto desde 15 de julho de 2017, ano em que os incêndios deixaram 100 mortos.

No Sudoeste da França, onde dois incêndios queimaram cerca de 7.000 hectares desde terça-feira, especialmente na zona turística da Duna de Pilat, na costa atlântica, a situação “continua desfavorável”, anunciou a prefeitura de Gironde. Os incêndios, que exigiram a ação de mil bombeiros, causaram a retirada de cerca de 10.000 pessoas. “Nunca vi nada parecido e realmente parece pós-apocalíptico”, disse Karyn, moradora de Cazaux, na quinta-feira, pouco antes do início da evacuação preventiva desta cidade perto da colossal duna de Pilat, envolta em uma nuvem de fumaça e de cinzas suspensas.

Na Espanha, o pico da onda de calor parecia ter passado, mas as temperaturas não deram trégua aos habitantes de muitas regiões do país, que devem esperar até a próxima semana para que as marcas nos termômetros baixem um pouco. Em vários pontos do território francês há previsão de temperaturas máximas de até 44ºC. Em Portugal, que atingiu os 47ºC na quinta-feira no Norte do país, um recorde para um mês de julho, o calor também não dá trégua.

Mais ao Norte, o Reino Unido se prepara para experimentar temperaturas “extremas” a partir deste domingo, segundo a agência meteorológica Met Office, podendo bater o recorde de 38,7ºC datado de 2019. Na Irlanda, os termômetros podem chegar a mais de 33ºC, um recorde absoluto que não é quebrado desde 1887.