Caldas Júnior com Andradas com alagamento no final da tarde da sexta-feira | Fabiano do Amaral/Correio do Povo

Porto Alegre teve praticamente a metade da média de chuva de todo o mês de novembro na sexta-feira em alguns bairros da cidade, como o Centro. O acumulado no Centro da Capital ao longo de toda a sexta foi de 44,8 mm. A média histórica de chuva de novembro na cidade (série 1961-1990) é de 104 mm. Quase todo o volume de chuva ocorrido na área central da capital se deu entre 18h e 19h, quando caíram 31,6 mm.

Em outros pontos da cidade, a chuva também foi forte. No Cristal, na zona Sul, por exemplo, durante toda a sexta-feira choveu 43,0 mm, mas a precipitação não foi concentrada em tão curto período, como no Centro. Os maiores volumes se distribuíram ao longo de três horas entre 14h e 19h.

No Partenon, na zona Leste da capital gaúcha, a chuva somou 36,7 mm. A maior parte deste volume se deu no final da tarde e no começo da noite, entre 17h e 20h. Em Belém Novo, no extremo Sul da cidade, o volume do dia terminou em 30 mm. Quase todo este acumulado se produziu também entre 17h e 20h.

Por que choveu tanto?

O Rio Grande do Sul durante a sexta-feira estava sob influência da circulação de umidade de um centro de baixa pressão, um ciclone extratropical, sobre o Oceano Atlântico na costa gaúcha. O sistema não chegava a ser intenso e sua pressão central era de 999 hPa, a Leste do Chuí.

Sempre que há circulação ciclônica costumam ocorrer pancadas de chuva isoladas e que não raro são de forte intensidade ou mesmo torrenciais. Às vezes, estas pancadas se dão até com trovoadas ou granizo, uma vez que se formam nuvens de maior desenvolvimento vertical do tipo Torre Cumulus (TCu) ou Cumulonimbus (Cb).

Ciclones ocorrem em todas as estações do ano, mas no período entre novembro e março a atmosfera está mais aquecida. Assim, há combinação de ar mais quente, maior umidade e baixa pressão atmosférica que cria o ambiente favorável para chuva forte a torrencial, mas sempre em pontos localizados. A MetSul alertava para chuva forte localizada na sexta-feira pela circulação ciclônica.

Por esta razão, ciclones na costa com grande aporte de umidade durante o verão podem produzir acumulados localmente elevados ou até extremos, como se viu em eventos graves de chuva e inundações do passado, como no Sul gaúcho no verão de 2009.

Transtornos pela chuva

A chuva forte causou transtornos em Porto Alegre. Houve o transbordamento de um arroio no bairro Teresópolis, na zona Sul. Equipes da Prefeitura constataram acúmulo de lixo no local, o que dificultou o escoamento do córrego, alagando casas instaladas às margens.

Assim como já havia ocorrido no temporal da véspera, ocorreu falta de energia elétrica e a consequente parada da estação de bombeamento São Jorge 2. De acordo com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), os bairros Vila Nova e Belém Novo podem ter o abastecimento afetado.

As equipes de fiscalização e elétrica da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) foram deslocadas para os pontos mais críticos e com mais risco de acidentes. Foram registrados locais com acúmulo de água, mas sem bloqueio total.

Alagamentos ocorreram em diversos bairros. Duas quedas de árvores foram atendidas. Uma na Coronel Bordini, causando bloqueio parcial, e outra sobre uma parada de ônibus na rua Professor Cristiano Fischer.

Chuva na Grande Porto Alegre

A chuva foi por vezes forte e volumosa durante a sexta-feira também na Grande Porto Alegre. Os dados indicaram 46,6 mm em Canoas, 41 mm em Sapucaia do Sul, 35,6 mm São Leopoldo, 33,5 mm em Campo Bom, 24 mm em Eldorado do Sul e Gravataí, 23 mm em Novo Hamburgo, e 18,2 mm em Cachoeirinha.