Anúncios

Poderia ser uma foto de neve de Mendoza ou do Chile, mas era Vacaria na manhã desta quinta-feira | Vinícola Campestre/Divulgação

O Rio Grande do Sul testemunhou na quarta-feira um dos eventos de neve mais ampla em décadas. A neve caiu em tantas regiões e em tantos municípios, do Sul ao Norte do Estado, como se tinha visto poucas vezes na história recente. Como, por exemplo, nas ondas de frio de agosto de 1984 (neve em flocos em Porto Alegre), julho de 1994 (neve granular em Porto Alegre), julho de 2000 e agosto de 2013. Neste século, apenas há paralelo com 2013 e nevou desta vez em algumas cidades em que não tinha nevado oito anos atrás. Na Serra, apesar de expressiva, é que a neve foi, no geral, menor que em 2013 em acumulação.

Por que nevou tanto e tão forte? Há dois modelos sinóticos principais para nevar no Rio Grande do Sul. O primeiro é quando o ar gelado atua na retaguarda de uma frente fria e a chuva se transforma em neve. É aproximadamente o que se viu em agosto de 2013 no estado gaúcho. O segundo, mais comum, é instabilidade de circulação de ciclone no oceano interagindo com ar polar. Foi o caso da quarta-feira.

Nuvens com precipitação do ciclone chegaram ao Uruguai, onde causaram raras ocorrências de neve no país, e depois foram para o Rio Grande do Sul que começou o dia com sol. A instabilidade alcançou primeiramente áreas do Sul gaúcho de manhã e no final do dia o Norte gaúcho. Como eram nuvens de grande desenvolvimento vertical, o que seria chuva forte não houvesse uma massa de ar polar de rara intensidade se transformou em neve forte.

Era exatamente o cenário que a MetSul desenhou em seus boletins. Sem solo úmido por chuva precedente à neve e com a atmosfera seca a acumulação seria favorecida.

Ademais, nuvens com um maior desenvolvimento trariam pancadas de neve forte que acumularia muito rápido, o que justamente ocorreu.

As pancadas fortes a intensas de neve de curta duração vieram com vento de 70 km/h a 80 km/h e forte redução da visibilidade. Por uma meia hora asas condições eram praticamente equivalentes ao que os norte-americanas denominam de blizzard com a passagem de faixa de instabilidade com neve intensa (snow squall) trazendo muita neve em curto período e com vento forte.

Por isso, pontos dos Aparados da Serra tiveram maior acumulação. O vento gerou o que se chama de efeito de drifting em que a neve carregada pelo vento se acumula junto a obstáculos como cercas.