A MetSul Meteorologia adverte para uma nova rodada de chuva forte a intensa com alto risco de temporais nesta terça-feira no Sul do Brasil. A instabilidade, contudo, deve se dar mais ao Norte do que se registrou nos últimos dias, quando os maiores acumulados de chuva e as tempestades se concentraram mais no Rio Grande do Sul.
Para se ter ideia, a chuva em 72 horas, até o começo da noite desta segunda, alcançou no estado gaúcho marcas de 185 mm em Caçapava do Sul, 167 mm em Bagé, 159 mm em Alto Feliz, 153 mm em Porto Alegre, 152 mm em Rio Pardo, 151 mm em Cachoeira do Sul, 149 mm em Dom Pedrito, 148 mm em Viamão, e 143 mm em Canoas.
Choveu ainda no período 135 mm em Cambará do Sul, 134 mm em Gravataí, 132 mm em Nova Petrópolis, 126 mm em Serafina Corrêa, 121 mm em Canguçu e Ijuí, 120 mm em Alvorada e Faxinal do Soturno, 119 mm em Arroio Grande, 118 mm em Eldorado do Sul, 113 mm em Sapucaia do Sul, 109 mm em Canela e Bom Princípio, 107 mm em Caxias do Sul, 106 mm em Candelária e São Francisco de Paula, e 105 mm em Livramento e São Leopoldo.
Agora, as nuvens mais carregadas com chuva intensa e temporais atuarão no Norte gaúcho, Santa Catarina e grande parte do Paraná nesta terça-feira, alcançando até pontos do Mato Grosso do Sul e de São Paulo.
Intensas áreas de instabilidade que vão se formar sobre o Sul do Paraguai e a província argentina de Misiones devem avançar no começo desta terça-feira para o Oeste de Santa Catarina e o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul. No decorrer do dia, a chuva e os temporais avançam para as demais regiões catarinense e muitas áreas do Paraná.
O Oeste e o Meio-Oeste catarinense tendem a concentrar os acumulados mais altos de chuva com precipitações por vezes torrenciais nesta terça. Haverá pontos em que apenas nesta terça deve chover entre 100 mm e 200 mm no Oeste catarinense, o que traz o risco de deslizamentos, alagamentos e inundações repentinas.
Os mapas abaixo mostram a projeção de chuva para esta terça-feira para os turnos da madrugada, manhã, tarde e noite, conforme dados do modelo do Centro Meteorológico Europeu. O indicativo é de instabilidade muito intensa no setor mais a Oeste do estado catarinense.
Como se observa, grande parte do Rio Grande do Sul escapa da forte instabilidade no Sul do Brasil nesta terça. A chuva ocorre mais em cidades perto da divisa com Santa Catarina, no Noroeste, Norte e o Nordeste do estado. Chove muito, assim, em pontos do Médio e do Alto Uruguai, do Norte do Planalto Médio, e o Norte dos Campos de Cima da Serra. Nas demais regiões gaúchas, o sol aparece com nuvens em meio a períodos de céu nublado em diversos pontos, mas ainda pode ter chuva isolada e passageira.
Preocupa muito o que se antevê para os próximos dias, uma vez que entre amanhã e o sábado haverá sucessivas formações de instabilidade intensa entre a Metade Norte gaúcha e Santa Catarina com reflexos em parte do Paraná. O mapa abaixo mostra a última projeção de chuva do modelo Icon alemão até o final esta semana.
Por isso, o alerta da MetSul Meteorologia de que a chuva até o final desta semana pode somar entre 150 mm e 300 mm em muitas cidades entre a Metade Norte do Rio Grande do Sul, em particular perto da divisa estadual, em Santa Catarina e pontos do Sul e do Sudoeste do Paraná.
A persistência da chuva por vários dias e com altos volumes trará inundações e muito provavelmente cheias de vários rios com enchentes no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As bacias de maior risco são aquelas que cortam o Noroeste, o Norte, o Centro e o Nordeste do estado, o que inclui as bacias que cortam os vales (Taquari, Caí, Sinos e Paranhana) assim como o Jacuí e o Uruguai, além de rios menores.
Chuva com acumulados tão extremos como se prevê traz ainda riscos geológicos. Será muito alto o risco de deslizamentos de terra em áreas de encostas de morros. Devem ocorrer ainda quedas de barreiras que podem gerar bloqueios parciais ou totais de rodovias estaduais e federais.
Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados sob perigo de acidentes fatais.
Outra preocupação é que este episódio de chuva excessiva vai ocorrer no momento em que ocorre o plantio da safra de verão, que está em um estágio crítico por estarmos já em novembro. Tantos dias seguidos de chuva e volumes tão altos devem trazer sérios problemas para o campo. Lavouras, inclusive, podem ficar debaixo d´água em diversos municípios.