MOHAMMED ABED/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Vários países desenvolvidos se comprometeram na COP27 a liberar recursos para cobrir as “perdas e danos” causados pelas mudanças climáticas nos países mais vulneráveis, um dos focos do evento realizado no Egito. Os países em desenvolvimento exigem há tempos que se estabeleça um mecanismo específico para receber fundos dos países mais ricos e assim poder prevenir e lidar com desastres como secas ou inundações.

Os países mais industrializados estão relutantes e, embora a criação desse fundo específico apareça na agenda da COP27 em Sharm el-Sheikh, não há garantias de acordo e as negociações prometem ser árduas. No entanto, desde o início da COP27, no último domingo, alguns países anunciaram financiamentos que vão nesse sentido, a exemplo da Dinamarca, que há semanas anunciou a liberação de 13 milhões de euros.

Assim, a Alemanha anunciou uma contribuição de 170 milhões de euros no âmbito da sua iniciativa “Global Shield” (Escudo Global), destinada a cobrir os riscos climáticos nos países mais vulneráveis. A Irlanda, por sua vez, prometeu 10 milhões de partes como parte do “Global Shield” em 2023. A Áustria prometeu 50 milhões de euros para cobrir danos e perdas nos próximos quatro anos, a Escócia um total de 7 milhões e a Bélgica 2,5 milhões.

“Irlanda, Dinamarca e Bélgica começaram a trilhar o caminho”, declarou o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, que preside a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), na terça-feira. “Seria justo que os principais poluidores, particularmente aqueles envolvidos no uso histórico de combustíveis fósseis, seguissem o exemplo”, acrescentou.

Ambientalistas também saudaram esses anúncios, embora com reticências. “É um gesto positivo (…) Isso mostra que, depois de anos de campanha, a questão está sendo finalmente reconhecida”, comentou à AFP Harjeet Singh, da ONG Climate Action Network. No entanto, sublinhou que a ajuda deste ou daquele país não deve “desviar a atenção” no que diz respeito à criação de um mecanismo amplo que permita a liberação de fundos logo que um país seja afetado por uma catástrofe climática.

Os ambientalistas pedem uma agenda de justiça climática muito mais ambiciosa. Os anúncios “são fracos em relação ao que precisaríamos”, ou seja, um mecanismo que equivalha a “um compromisso geral dos países ricos”, disse à AFP Rachel Cleetus, do think tank Union for Concerned Scientists.