Há 40 anos, em um 30 de maio, o frio cruzou a história do tricolor gaúcho. Foi justamente no dia 30 de maio de 1979 que se produziu o famoso “jogo da neve” do Grêmio contra o Esportivo em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
A partida terminou empatada sem gols. No dia seguinte, o jornal Zero Hora estampava como manchete em sua contracapa: “Grêmio perde ponto na neve”. A reportagem da página 44 do jornal descrevia:
“A temperatura em Bento Gonçalves era de zero grau quando a partida começou ontem no Estádio da Montanha. (…) Já nevava aos nove minutos quando Raquete recebeu cartão amarelo por jogada violenta contra Tarciso. (…) O primeiro tempo terminou com muita neve. Alguns jogadores tinham a cabeça branca e outros ainda sentiam frio, apesar dos 45 minutos de movimentação. A visibilidade piorava e Carlos Martins admitia até mesmo a hipótese de ter que suspender o jogo antes do final”.
Correspondente da Folha da Tarde no jogo, o jornalista do Correio do Povo Ilgo Wink ainda recorda do aspecto prateado do campo. ‘Inesquecível’, diz. Os flocos tinham caído antes, mas foi aos 30 minutos da etapa inicial que vieram com força. ‘A neve chegou a cobrir o bigode do alegre Jesum’, escreveu na saudosa Folha. Jogadores ficaram com as cabeças brancas. O técnico Orlando Fantoni lembrava da neve da Itália.
A massa de ar polar era intensa e a carta sinótica publicada no jornal mostrava o clássico cenário para neve com uma alta pressão continental e um sistema de baixa pressão na costa. Era o que indicava também a imagem de satélite daquela noite (acima).
O relato de Ilgo Wink na Folha terminou noticiando uma batalha. ‘Ao final do jogo, os torcedores, tanto de Grêmio como Esportivo faziam uma divertida batalha de neve.’ Batalha essa que ninguém se incomodaria em ver repetida.
O jornal Folha da Manhã de 1º de junho de 1979 deu conta ainda de que na noite anterior Chapecoense e Criciúma jogaram sob neve em Chapecó em partida testemunhada por apenas 177 torcedores.
Em 1975, no dia 17 de julho, o jogo entre Juventude e Internacional de Santa Maria em Caxias do Sul quase foi transferido devido ao frio e à neve. A neve não parou de cair um minuto sequer no decorrer da partida e foi dos jogadores a decisão de disputar o jogo. A todo momento os atletas escorregavam por conta da neve que se acumulava no gramado (foto abaixo).
A partida foi vencida por 2 a 0 pelo time caxiense, mas os jornais da época descreveram que os menos de mil torcedores presentes no Alfredo Jaconi “se divertiam muito mais com os tombos dos jogadores e com as guerrinhas de bolas de neve que eram jogadas contra os brigadianos encarregados do policiamento”.