A cidade mexicana de Acapulco enfrentou uma onda de saques a lojas e mercados nas últimas horas depois de ter sido arrasada pelo furacão Otis, uma tempestade de categoria 5, o máximo da escala Saffir-Simpson dos furacões. Vários estabelecimentos de Acapulco foram saqueados em meio ao caos que tomou conta da cidade costeiras nas horas seguintes ao desastre.
As autoridades mexicanas confirmaram ao menos 27 mortos e quatro desaparecidos em Acapulco como consequência do furacão. Trata-se do primeiro balanço de vítimas, já que a área afetada estava praticamente isolada desde a madrugada de quarta-feira, quando a tempestade atingiu o Pacífico mexicano.
As ruas do porto, que vive essencialmente do turismo, estiveram lotadas desde o meio-dia desta quinta-feira com pessoas a olharem espantadas para os danos. A ocupação turística de Acapulco, com cerca de 20 mil quartos de hotel, era de 50%, segundo as autoridades, no momento do furacão. O governo informou que 80% dos hotéis sofreram danos e que providenciaram cerca de 40 ônibus para oferecer transporte gratuito.
Uma multidão invadiu os supermercados, arrombou as portas e começou a levar tudo o que tinham em mãos, sem que os funcionários das lojas e as autoridades os impedissem, relataram jornalistas da AFP na cidade mexicana.
“Vamos sobreviver como pudermos”, justificou Emilio García, um reformado de 65 anos, em resposta aos saques às lojas. “O desespero que ocorre num primeiro momento é compreensível, mas não pode ser sistemático”, disse Ludwing Reynoso, secretário de governo do estado de Guerrero, detalhando que estão a preparar uma operação de segurança para prevenir estes atos.
Em Acapulco também existem comunidades empobrecidas que vivem em morros, em casas feitas de materiais frágeis. Reynoso informou que ali foram registrados principalmente danos materiais.
Para José Luis Flores, de 72 anos e morador de San Diego, nos Estados Unidos, as férias se tornaram uma “tragédia”. “Estamos desorientados, não temos comunicação com os nossos filhos. Não temos sinal, procuramos sinal, energia. Não comemos nada”, disse à AFP. Alguns moradores param as equipes de imprensa para pedir que liguem para parentes ou que lhes enviem uma mensagem de que estão bem.
O furacão, que contrariou todas as projeções de modelos meteorológicos e previsões da Meteorologia do México e dos Estados Unidos, tocou terra na costa mexicana durante a madrugada de ontem.
No que o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos descreveu em boletim com texto dramático, “cenário de pesadelo” atingiu a a costa perto de Acapulco. O furacão catastrófico de categoria 5, o máximo da escala Saffir-Simpson, tocou terra com vento sustentado de 265 km/h e rajadas de 300 km/h.
A tempestade de nome Otis surpreendeu porque nenhum prognóstico sequer cogitava furacão tão intenso alcançando o litoral do México. Otis inesperadamente intensificou-se de uma tempestade tropical com ventos de 105 km/h para um furacão de categoria 5 de 265 km/h em apenas 18 a 24 horas. A rápida intensificação deixou tempo exíguo para que as autoridades e as pessoas se preparassem para um evento catastrófico.
Foi a segunda intensificação mais rápida de ciclone tropical no Hemisfério Ocidental já observada, somente atrás da intensificação de Patrícia, no ano de 2015. Acapulco tem cerca de 1 milhão de habitantes na região e possivelmente tenha sido a área mais populosa atingida por um furacão de categoria 5 desde Andrew, ao Sul de Miami, em 1992.