Uma menina fugindo do conflito na Ucrânia em ônibus a caminho da capital da Moldávia, Chisinau, depois de cruzar o posto de fronteira Moldávia-Ucrânia perto da cidade de Palanca, sete dias após a invasão militar da Ucrânia pela Rússia que já deixa mais de um milhão de refugiados | NIKOLAY DOYCHINOV/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Uma intensa e prolongada onda de frio vai trazer ainda mais miséria para as vítimas da guerra na Ucrânia e buscam refúgio do conflito em países vizinhos. O tempo muito frio que já atinge a Europa Oriental tornou as condições ainda mais difíceis para aqueles que fogem para outros países na região.

Na área fronteiriça de Palanca, no Sul da Moldávia, um país que faz fronteira com a Ucrânia, as temperaturas giravam em torno de 0ºC e um manto fresco de neve cobria o solo. Mães com filhos pequenos vieram enroladas em cobertores e roupas, mas o tempo muito frio piorou ainda mais uma situação já desesperadora.

O êxodo registrado pela agência de refugiados da ONU (ACNUR) após uma semana de combates russos não tem precedentes neste século por sua velocidade e atingiu mais de 2% da população da Ucrânia. A estimativa do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados é que o número de pessoas a escaparem da guerra possa chegar a 6 milhões.


A maioria dos refugiados foi para a Polônia enquanto mais de 116.300 entraram na Hungria e mais de 79.300 cruzaram a fronteira para a Moldávia. Outros 71.000 fugiram para a Eslováquia e cerca de 69.600 foram para outros países europeus. No total, mais de um milhão de pessoas já deixaram a Ucrânia.

Se não bastassem as bombas, os mísseis e os tiros, o já rigoroso inverno da região de conflito vai se tornar ainda mais duro nos próximos dias, o que traz preocupação com milhares de pessoas em estradas tentando fugir, às vezes apenas com as roupas do corpo, e milhões em suas casas na Ucrânia sujeitos ao frio e limitações de água, luz e aquecimento.

Dados indicam que entre os dias 5 e 15 deste mês a temperatura vai estar muito abaixo da média na Ucrânia e em grande parte da Europa, especialmente no Leste do continente, com um padrão de bloqueio atmosférico que trará ar gelado do Ártico avançando a partir do Norte e do Oeste, vindo da Rússia.


Algumas noites devem ser de escassa nebulosidade, trazendo mínimas muito baixas nos termômetros. Veja nos mapas da MetSul de anomalia de temperatura em 850 hPa (nível de 1.500 metros de altitude) como o período de frio extremo terá grande abrangência territorial no continente europeu e ainda será prolongado.

Antes do frio mais extremo, a neve cairá com força na Ucrânia até sábado por uma área de baixa pressão que se desloca para o Norte do Mar Negro e ao longo da fronteira Leste da Ucrânia com a Rússia, na região de Donbas.

A previsão é de períodos de neve forte em alguns momentos com as piores condições previstas até esta sexta, persistindo a precipitação com menor intensidade no sábado.

As principais cidades afetadas incluem as separatistas Donetsk e Luhansk, além da Kharkiv que é a segunda maior cidade da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, com população semelhante a de Porto Alegre, e tem sido alvo de constantes bombardeios russos.

Pontos destas cidades podem acumular mais de 20 centímetros de neve até o sábado. Além da neve, os ventos também aumentarão com a passagem do sistema de tempestades. Rajadas de vento generalizadas de 50 km/h serão sentidas em toda a região nos próximos três dias com velocidades maiores em alguns pontos, o que contribuirá para aumentar a acumulação de neve em áreas urbanas.