Onda de calor assola vários estados do Brasil e tende a ganhar força ainda em parte do país com temperaturas máximas perto e acima dos 40ºC principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste. O calor se sente ainda em parte do Nordeste e mesmo no Sul do país.
Ontem, as temperaturas máximas à tarde chegaram na Região Norte a 38,2ºC em Tarauacá (AC); 38,0ºC em Humaitá (AM); 39,7ºC em Cacoal (RO); 37,6ºC em Boa Vista (RR); 37,5ºC em Santa Maria das Barreiras (PA); e 38,3ºC em Porto Nacional (TO).
O pior do calor ocorre no Centro-Oeste, onde a segunda-feira anotou máximas de 41,8ºC em Cuiabá (MT); 39,7ºC em Corumbá (MS); e 38,1ºC em Aragarças (GO). Grande parte das cidades do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul tem anotado máximas dia após dia entre 37ºC e 40ºC.
Em Cuiabá, a segunda-feira foi o quinto dia seguido com máximas acima dos 40ºC. De acordo com dados da estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia, as máximas na capital do Mato Grosso foram de 41ºC no dia 15; 40ºC no dia 16; 41,8ºC no dia 17; 42,2ºC no dia 18; e 41,8ºC ontem. A máxima do domingo está entre as mais altas já observadas na cidade em agosto desde o começo das medições em 1912.
No Sudeste, o interior de São Paulo sofre com o calor intenso. A máxima de ontem em Valparaíso (SP) atingiu 37,5ºC. Na estação oficial da cidade de São Paulo, no Mirante de Santana, a máxima de 32,7ºC ontem ficou entre as mais altas em agosto já observadas e apenas 0,4ºC abaixo do recorde mensal desde 1943. No Rio de Janeiro, a capital fluminense anotou marcas entre 33ºC e 35ºC.
Mesmo o Sul do Brasil não escapa do calor intenso com as maiores máximas no Norte do Paraná em cidades mais próximas do Sudeste e do Centro-Oeste. A temperatura no dia de ontem em Paranapoema chegou a 37,8ºC, mas outras cidades igualmente foram à casa dos 37ºC, como Maringá.
No Rio Grande do Sul, em situação sui generis, a Serra Gaúcha anotou a maioria das maiores máximas do estado na segunda com 33,9ºC em Antônio Prado (altitude de 650 m); 33,5ºC em Serafina Corrêa (510 m); 33,3ºC em São Marcos (750 m); 31,4ºC em Garibaldi (610 m); 31,3ºC em Farroupilha (780 m); 30,8ºC em São Francisco de Paula (900 m); 30,8ºC em Bento Gonçalves (700 m); 30,7ºC em Bom Jesus (1050 m) e Canela (840 m); 30,4ºC em Vacaria (970 m); e 30,0ºC em Lagoa Vermelha (800 m), Cambará do Sul (1030 m) e Caxias do Sul (820 m).
Centro-Oeste seguirá com o pior do calor
A tendência é o Centro-Oeste seguir registrando as maiores temperaturas do país nos próximos dias assim como áreas da região Norte ao Sul da Amazônia. No Mato Grosso, as máximas seguirão na área de Cuiabá variando entre 40ºC e 42ºC. A maior parte do Mato Grosso do Sul deve ter 37ºC a 40ºC com registros acima de 35ºC em diversos locais de Goiás. No fim de semana, frente fria traz alívio em muitas áreas do Centro-Oeste.
Calor intenso em São Paulo e Rio de Janeiro
O calor não dá trégua no estado de São Paulo até sexta-feira. As maiores máximas se dão no Oeste, Noroeste e no Norte paulista com marcas de 35ºC a 38ºC na maior parte das cidades. O calor se intensificará ainda no Sul e no Leste do estado antes da chegada de uma frente fria no final da semana.
Por isso, a cidade de São Paulo deve ter ainda tardes quentes e com máximas mais altas do que têm ocorrido. Quinta e sexta devem ser dias por demais quentes para agosto na capital paulista com máximas de 32ºC a 34ºC, assim é muito factível que o recorde de calor da cidade de São Paulo para o mês de 33,1ºC desde o começo das medições em 1943 seja derrubado.
O calor também aumenta no Rio de Janeiro. Devido ao cenário pré-frontal, a sexta-feira deve ser o dia mais quente da semana com máximas acima de 35ºC em grande número de cidades. Na capital fluminense, em diferentes bairros, as máximas da sexta podem ficar entre 37ºC e 39ºC.
Calor significativo também na Região Sul
A massa de ar quente avança mais para o Sul nesta quarta-feira e traz um dia quente e abafado para o Rio Grande do Sul nesta quarta com máximas ao redor e acima dos 30ºC nos vales, Noroeste e o Norte do estado. Na quinta, frente fria avança com chuva e queda de temperatura no estado, mas em áreas perto de Santa Catarina segue o calor.
Em Santa Catarina, o calor hoje e amanhã é maior no Oeste. Na quinta, por condição pré-frontal, se intensifica na maioria das regiões catarinenses. No Paraná, o calor segue intenso no Oeste, no Noroeste e no Norte do estado com marcas de 37ºC a 39ºC até quinta. Na sexta, a temperatura alta com forte calor se limita mais a áreas próximas da divisa com São Paulo.
Onda de calor e tempo seco pioram qualidade do ar
Com muitos dias secos e quentes, sob um padrão de bloqueio atmosférico, a qualidade do ar se deteriora e atinge níveis ruins nos grandes centros urbanos com maior presença de material particulado na atmosfera, parte por emissões e parte por queimadas.
A qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, foi classificada como ruim pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) na segunda-feira. A tendência é a qualidade do ar seguir entre ruim e muito ruim em vários locais da Grande São Paulo até sexta, antes do retorno da chuva no fim de semana.
Queimadas
O tempo muito seco e excessivamente quente ainda favorece queimadas em zonas urbanas e rurais. Este é o período do ano, pelo auge da estação seca, em que se registra um grande número de focos de calor por queimadas no Brasil. O risco é muito alto a extremo de fogo hoje e nos próximos três dias na maior parte do Sudeste, Centro-Oeste e parte da Região Norte.
Bolha de calor
Uma bolha de calor atua neste momento no Brasil. É o que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.
Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.
É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.
Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.
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