A poderosa onda de calor provoca uma onda de incêndios em vegetação no Cone Sul. A área mais atingida por incêndios florestais é a Argentina que é o país mais afetado pelo calor extremo com máximas nacionais acima de 40ºC todos os dias desde o domingo e com registros de até 45ºC.
O governo da Argentina declarou emergência por risco extremo de fogo em todo o país em meio a uma onda de calor que autoridades descrevem como “bestial” e que provoca recordes de temperatura no país com máximas de até 45ºC. Devido ao número crescente de incêndios, a Casa Rosada decretou emergência ígnea em todo o território nacional pelo período de um ano com o objetivo de adotar medidas que tendam a prevenir novos focos, reparar áreas afetadas e combater situações que surjam.
O decreto foi assinado pelo presidente Alberto Fernández e publicado na quarta-feira no Diário Oficial. A medida ocorre após o pedido das províncias de Neuquén, Chubut, Santa Cruz, Río Negro e Tierra del Fuego ante os incêndios que afetaram a Patagônia no final de 2021. Por sua vez, o Conselho Federal de Meio Ambiente (Cofema) declarou uma emergência para o mesmo período em dezembro.
A área com risco de fogo extremo (em marrom) indicada por modelos numéricos é enorme neste momento na América do Sul. Cobre grande parte da Argentina (do Norte da Patagônia até o Norte do país), quase todo o Uruguai e a Metade Oeste do Rio Grande do Sul.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Brasil, mostram que nos primeiros 13 dias do mês a Argentina teve 2.512 foco de calor registrados por satélites. Mesmo o mês não tendo chegado sequer a sua metade já é o maior valor em janeiro desde 2018. A média de janeiro 1998-2021 é de 1.648, portanto já foi amplamente superada. O recorde em janeiro é de 4.624 em 2002. Foram 807 focos de calor observados por satélite no dia 12 e 410 no dia 13.
O altíssimo número de focos de incêndios é corroborado pelo sistema FIRMS (Fire Information for Resource Management System), da NASA. Os dados de satélites da agência especial dos Estados Unidos mostram que nas últimas 24 horas (tarde de quinta a tarde de sexta) houve um grande número de queimadas no Norte e no Nordeste da Argentina, Rio Grande do Sul e no delta perto de Rosário e Buenos Aires, o que explica a presença de fumaça visível no céu da capital argentina e do Sul uruguaio na tarde de hoje.
Um grande número de incêndios em vegetação se registra neste momento no Rio Grande do Sul. O pior cenário se verifica no Oeste. A estiagem severa e prolongada se soma à onda de calor extremo para gerar múltiplos focos de queimadas. Ontem, em Uruguaiana, eram muitos os focos de incêndios no campo e a situação era descrita como grave.
Situação é grave em Uruguaiana, muitos vídeos circulando nas redes sociais dos produtores rurais, preocupados com as queimadas que atingem os campos neste momento no interior do município. pic.twitter.com/WFzderdSoq
— Rádio Charrua Ltda. (@rdcharrua) January 13, 2022
Essa é a cena que se vê agora a noite nas estradas que chegam a Uruguaiana. A preocupação dos produtores é que o vento possa piorar a situação, espalhando ainda mais o fogo.#charrua #radiocharrua #rdcharrua #uruguaiana pic.twitter.com/QngBlYPnxY
— Rádio Charrua Ltda. (@rdcharrua) January 14, 2022
Vídeo da empresa Almix, do Grupo Almeida, usando os caminhões betoneiras carregados com água para apagar os fogos nos campos em Uruguaiana. pic.twitter.com/RLHTWEYrqe
— Rádio Charrua Ltda. (@rdcharrua) January 14, 2022
Imagens de satélite mostram grande quantidade de fumaça sobre a América do Sul do Norte da Patagônia até o Norte da Argentina. Trata-se de uma imagem incomum para janeiro e sim típica dos meses de inverno, como julho e agosto, quando correntes de vento de Norte trazem para o Sul pelo interior do continente a fumaça das queimadas que ocorrem no Paraguai, Bolívia, e o Centro-Oeste e o Norte do Brasil.
TEMPO | Imagem de satélite da manhã de hoje mostra muita fumaça do Centro ao Norte da Argentina. Esta é imagem comum no inverno, quando vento Norte traz fumaça da Amazônia, Bolívia e do Centro-Oeste, não em janeiro. Efeito de incêndios locais pela seca e o calor extremo. pic.twitter.com/8ebZf1Gpwh
— MetSul.com (@metsul) January 14, 2022
HUMO EN EL CIELO 🌫️🔥
Esta tarde tenemos gran concentración de #humo, el cual se observa en la imagen satelital del #GOES16, producto de los numerosos #incendios que se registran en el centro y norte de #Argentina. pic.twitter.com/A80VVGTHWK
— SMN Argentina (@SMN_Argentina) January 14, 2022
No Rio Grande do Sul, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou a partir de dados de satélites até o dia 13 um total de 70 focos de calor.
A média histórica de janeiro (1998-2021) de focos no estado é de 71, ou seja, somente nos primeiros 13 dias do mês já foi alcançada a média mensal de queimadas detectadas por satélite.
Até o dia 10 o número de registros de foco por satélites no Rio Grande do Sul variou de 0 a 3 todos os dias, mas com a onda de calor os números diários deram um salto com 20 focos no dia 11, 15 no dia 12 e outra vez 20 no dia 13.