Milhões de pessoas em todo o Sul e Sudeste da Ásia enfrentam uma poderosa onda de calor com marcas muito acima da média histórica nos termômetros. As temperaturas altas castigam países como Índia, Mianmar, Bangladesh, Tailândia, Filipinas, Malásia e China, dentre outros, causando suspensão de atividades e interrupção das aulas.
Um ministro indiano culpou o calor depois de desmaiar durante um discurso de campanha eleitoral, enquanto o serviço meteorológico do país previu condições severas de onda de calor em nove estados do Leste e Sul nos próximos dias. Mesmo no Nepal montanhoso, foram emitidos avisos de saúde e hospitais foram alertados na quinta-feira, com temperaturas elevadas nas planícies do Sul.
As autoridades da cidade de Bangkok emitiram um aviso de calor extremo, já que o índice de calor deveria subir acima de 52ºC. As temperaturas na capital tailandesa atingiram 40,1°C. O índice de calor, que é uma medida de como a temperatura é sentida levando em conta a umidade, velocidade do vento e outros fatores, atingiu um nível “extremamente perigoso” em Bangkok.
Autoridades na província de Udon Thani, no nordeste rural do reino, também alertaram para temperaturas abrasadoras. O Ministério da Saúde tailandês disse na quarta-feira que 30 pessoas morreram de insolação entre 1º de janeiro e 17 de abril, em comparação com 37 em todo o ano de 2023.
Direk Khampaen, vice-diretor-geral do Departamento de Controle de Doenças da Tailândia, afirmou que autoridades estão instando pessoas idosas e aquelas com condições médicas, incluindo obesidade, a ficarem em ambientes fechados e a beberem água regularmente.
O serviço meteorológico estatal das Filipinas disse que o índice de calor em 38 cidades e municípios, incluindo Manila, estava na “zona de perigo” na quinta-feira, com sensação térmica de 40ºC a 50ºC.
Na Índia, o ministro das Estradas, Nitin Gadkari, desmaiou durante um discurso na quarta-feira enquanto fazia campanha para a reeleição do governo do primeiro-ministro Narendra Modi. A Comissão Eleitoral disse esta semana que estava revisando o impacto das ondas de calor e umidade antes de cada rodada de votação, com vistas a “medidas mitigatórias” que ainda permitissem que as pessoas votassem.
No Nepal, as temperaturas estavam previstas para subir acima de 40°C em duas províncias do Sul, e o governo ordenou que autoridades se preparassem. Krishna Kumar Gupta, funcionário na província do Sul de Lumbini, relatou que incidentes de incêndios florestais também aumentaram. “Ontem estava 43 graus Celsius e as pessoas também começaram a se sentir doentes. Estamos recebendo reclamações de diarreia, desidratação e dores de cabeça”, disse ele.
Abril é tipicamente o mês mais quente do ano na Tailândia e em outros países do Sudeste Asiático, mas as condições deste ano foram exacerbadas pelo padrão climático El Niño. Houve níveis recordes de estresse térmico em todo o mundo no ano passado, com a agência meteorológica e climática das Nações Unidas afirmando que a Ásia estava aquecendo a um ritmo particularmente rápido.
A Tailândia anotou uma temperatura de 44,2°C na província do Norte de Lampang na segunda-feira, quase alcançando o recorde nacional de todos os tempos de 44,6°C registrado no ano passado. Do outro lado da fronteira em Mianmar, a temperatura atingiu impressionantes 45,9°C na quarta-feira.
O caos e o conflito desencadeados pelo golpe militar de 2021 levaram a cortes de energia em grande parte do país, prejudicando a capacidade das pessoas de se manterem frescas com ventiladores e ar-condicionado. Vários pontos de Mianmar estavam sem energia em consequência das altas temperaturas.
Milhões de alunos foram instruídos a ficar em casa esta semana em Bangladesh enquanto a nação sul-asiática enfrenta uma das piores ondas de calor já registradas, com temperaturas muito acima do normal. Poucas escolas na capital, Dhaka, têm ar condicionado, e tentar conduzir as aulas seria inútil.
Mas a decisão do governo de fechar as escolas não trouxe alívio para Nur, de 13 anos. Sua casa apertada de um cômodo na megacidade, compartilhada com seu irmão mais novo e seus pais, parece quase tão sufocante quanto as ruas lá fora. “O calor é intolerável. Nossa escola está fechada, mas não consigo estudar em casa. O ventilador elétrico não nos refresca”, disse ela à AFP. “Quando a energia acabou por uma ou duas horas, foi terrível.”
A mãe de Nur, Rumana Islam, estava deitada em um canto de sua casa após uma noite sem dormir, coberta de suor depois de cozinhar para sua família. “O ano passado foi quente, mas este ano está muito quente – mais do que nunca. Simplesmente insuportável”, disse ela. “Nas aldeias, você pode sair e se refrescar sob a sombra das árvores. “Alguma brisa vem das terras agrícolas. Mas aqui em Dhaka, tudo o que você pode fazer é ficar em casa”.
As temperaturas em todo o país ultrapassaram os 42°C na última semana. O calor levou milhares a se reunirem em mesquitas urbanas e campos rurais, rezando por alívio do calor escaldante que os meteorologistas esperam que continue. As autoridades de Bangladesh esperam reabrir as escolas a partir de 28 de abril, antes que as temperaturas comecem a diminuir.
O calor provocou um surto de diarreia no sul do país, devido às temperaturas mais altas e ao aumento da salinidade das fontes de água locais. Ao redor do prédio onde a família de Nur mora, ao lado de dezenas de outras famílias de baixa renda, adultos tentaram bloquear o pior do calor cochilando de forma irregular em suas casas durante a tarde.
“O calor é tão intenso que é difícil dirigir nessas condições”, disse Mohammad Yusuf, de 40 anos, que, como o pai de Nur e muitos de seus vizinhos, ganha a vida como motorista. “Você pode ter algum alívio quando o ar condicionado está ligado”, disse ele. “Mas quando você está do lado de fora, parece que está queimando”. (Com informações da AFP)
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