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Uma forte onda de calor começa a se instalar no Brasil depois da onda de frio que trouxe temperatura muito baixa, geada e neve em estados do Centro-Sul do país entre o final da semana passada e o começo desta semana. O episódio quente será responsável por temperaturas perto e acima de 40ºC em vários estados nos próximos dias com calorão de Norte a Sul do Brasil.

METSUL

Será uma onda de calor significativa para o mês de agosto com temperatura elevada em uma extensa área do território brasileiro e marcas muito acima da média climatológica desta época do ano em diversas regiões do país.

As temperaturas muito altas vão afetar todas as regiões do país (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul), embora a onda de calor não atinja todos os estados. O centro da bolha de calor vai estar situado na região Centro-Oeste, em particular entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul.

Esta nova onda de calor no Brasil, como é de costume, vai estar associada a um padrão de bloqueio atmosférico com uma enorme área de tempo muito seco e quente em que a cada dia o calor e a reduzida umidade se retroalimentam com baixa umidade no solo.

O episódio quente, embora ainda seja inverno, não surpreende porque normalmente nesta época do ano ocorre o auge da estação seca no Centro do Brasil, o que favorece dias de temperatura muito alta e em alguns casos onda de calor, como será o caso dos próximos dias.

Se observada a climatologia da cidade de Goiânia (GO), ocorrem, em média, 4 dias com máximas acima de 35ºC no mês de agosto, 13 em setembro, 9 em outubro e 2 no mês de novembro. Assim, este trimestre de agosto a outubro costuma ser o de maiores extremos de temperatura alta no Centro do Brasil.

Centro-Oeste e Norte sofrerão o pior do calor

O Centro-Oeste deve ser a região que mais vai sofrer os efeitos desta onda de calor no Brasil. O Mato Grosso e parte do Mato Grosso do Sul, em particular, terão máximas mais extremas com sucessivos dias de temperaturas máximas perto e acima dos 40ºC, em especial em próximas do Pantanal.

Cuiabá será a capital brasileira em que mais deve fazer calor neste período. Ontem, a capital do Mato Grosso já anotou 38,2ºC no primeiro dia de calor excessivo. Conforme os dados analisados pela MetSul, todos os dias ao menos até 23 de agosto devem ter máximas perto ou acima de 40ºC na capital do Mato Grosso com marcas que em alguns dias podem atingir valores tão altos quanto 41ºC a 42ºC.

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O calor será extremo ainda em áreas do Norte do país. Rondônia, Pará e parte do estado do Amazonas devem ter amplas áreas com máximas acima de 35ºC e vários pontos em que as temperaturas durante a tarde devem ficar próximas dos 40ºC, mesmo batendo e superando os 40ºC em alguns pontos. O calor se estende ainda ao Piauí e Maranhão com dias por demais quentes nesta parte do Nordeste.

Muito calor em São Paulo

Ante a proximidade do centro da bolha de calor, o estado de São Paulo vai sentir os efeitos deste período quente com vários dias de temperatura muito alta. O pior do calor vai ocorrer no interior paulista, sobretudo no Oeste, Centro e o Norte do estado com cv vários dias em sequência com máximas ao redor e acima de 35ºC.

Também a cidade de São Paulo enfrentará muito calor. Haverá escalada da temperatura nos próximos dias. Depois de ter enfrentado frio abaixo de 5ºC nos últimos dias no Sul da cidade, os termômetros devem marcas agora mais de 30ºC. A temperatura já fica ao redor de 30ºC nesta sexta, passa de 30ºC no fim de semana e na semana que vem vai atingir 31ºC a 33ºC em vários dias.

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O calor se estende também a Minas Gerais. No Oeste do estado, no Triângulo Mineiro, serão várias tardes com máximas ao redor e acima de 35ºC. No Rio de Janeiro, também se projeta uma escala da temperatura nos próximos dias e a semana que vem será muito quente com máximas em alguns dias ao redor e acima de 35ºC.

Região Sul não escapa do calor

A influência da bolha de calor vai se estender ao Sul do Brasil. A temperatura passará dos 30ºC nos três estados da região. O calor será maior em Santa Catarina e no Paraná com maior número de cidades com alta temperatura. As máximas mais elevadas se darão no Oeste, Noroeste e o Norte do Paraná com valores acima de 35ºC e de até 37ºC a 39ºC em algumas localidades.

O Rio Grande do Sul será um caso à parte. Prevê-se instabilidade a partir deste fim de semana e que vai persistir na semana que vem em várias regiões gaúchas pela formação de uma frente quente e a atuação de áreas de baixa pressão. Isso fará com que não haja uma sequência de dias muito quentes, por exemplo, na Metade Sul gaúcha.

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Onde se espera calor no território gaúcho é na Metade Norte, principalmente em locais do Noroeste e do Norte gaúcho. No Noroeste do estado, as máximas na primeira metade da semana podem atingir marcas tão altas quanto 32ºC a 35ºC. Até cidades de maior altitude do Planalto e da Serra devem ter calor de 30ºC no começo da semana que vem.

Porto Alegre vai estar na faixa de transição de instabilidade entre o ar quente ao Norte e o tempo mais chuvoso ao Sul, assim que um dia ou outro podem ter calor acima de 30ºC, mas não se projeta uma sequência de vários dias de temperatura elevada. Há alguns dados apontando muito calor para a capital gaúcha no dia 21, mas como a cidade estará no limite da instabilidade somente no curto prazo para se ter indicativo mais preciso.

Queimadas vão piorar ainda mais

A MetSul Meteorologia alerta que a prolongada sequência de dias de calor excessivo com tempo muito seco vai agravar sobremaneira o problema das queimadas no Centro-Oeste e no Norte do Brasil, esperando-se uma elevação ainda maior dos focos de fogo no Pantanal e na Amazônia, a esmagadora maioria de origem humana e deliberada. A situação pode se tornar mais grave principalmente no bioma amazônico, como no Sul do Amazonas e no Pará.

Com o que se espera de calor e o cenário propício para fogo, agosto deve terminar com número acima da média de queimadas tanto na Amazônia como no Pantanal. Somente ontem foram 1476 focos de calor na Amazônia e os primeiros 14 dias do mês anotaram 14388 focos no bioma. A média histórica mensal de agosto de 26218 foco de calor deve ser batida, já que devem ocorrer vários dias com 1000 a 2000 focos em 24 horas.

O que é uma bolha de calor

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar.

Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil.

É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

Como consultar os mapas e gráficos

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