Temporais com muitos raios, chuva forte localizada e risco de vendavais devem atingir o Rio Grande do Sul entre a tarde e a noite desta terça-feira | FERNANDO MAINAR/ARQUIVO

A MetSul Meteorologia alerta que o tempo deve virar no Rio Grande do Sul nesta terça-feira. Há risco de chuva localmente forte e de temporais em diversas regiões gaúchas por conta do avanço de áreas de instabilidade pelo estado.

O sol chega a aparecer no território gaúcho depois de uma madrugada atipicamente quente com temperaturas acima de 30ºC em alguns pontos, mas a nebulosidade aumenta e o tempo se instabiliza.

Já chove em alguns locais do interior gaúcho durante a manhã, mas a nebulosidade aumenta muito da tarde para a noite no estado à medida que as áreas de instabilidade avançam pelo Rio Grande do Sul.

Por isso, antes da mudança do tempo se espera ainda muito calor em parte do estado com as máximas mais altas entre os vales e a Grande Porto Alegre com previsão que as máximas superem 35ºC, embora não atinjam os valores extremos de hoje de 40ºC.

A instabilidade ao avançar sobre uma atmosfera muito aquecida vai formar nuvens muito carregadas. Projeções de refletividade dos modelos numéricos, um parâmetro para se avaliar a intensidade da instabilidade, são sugestivas de alto risco de tempo severo no Rio Grande do Sul hoje.

Os mapas abaixo mostram a projeção de refletividade para esta terça-feira a partir de dados do modelo WRF da MetSul Meteorologia, o de mais alta resolução disponível e que está acessível ao nosso assinante. Observa-se como as áreas de instabilidade aumentam e ganham força da tarde para a noite.

Temporais podem atingir diversas regiões gaúchas na segunda metade do dia com possibilidade de chuva localmente forte, raios, queda de granizo e vendavais. Embora os temporais possam ocorrer em diversas partes do estado, a instabilidade mais severa deve ser localizada.

Com a atmosfera muito quente e repleta de energia por liberar, alguns temporais localizados podem ser muito fortes e com potencial de causar danos, especialmente por vento. Podem ocorrer episódios muito isolados de vento acima de 100 km/h e mesmo correntes de vento descendentes chamadas de downbursts que possuem um alto potencial de causar estragos.

Somente no curtíssimo prazo, em previsão que é denominada em Meteorologia como nowcasting, é possível fazer alertas para municípios específicos a partir do monitoramento meteorológico por radares, satélites e sensores de descargas atmosféricas.

No final do dia, estas tempestades devem se concentrar mais na Metade Norte gaúcha. Na área de Porto Alegre e região metropolitana, após horas de sol e nuvens com muito abafamento e calor, o risco de chuva e de temporal aumenta muito a partir do final da tarde e do começo da noite.

Eventos de calor extremo, como este que está chegando ao seu fim, não raro acabam com tempestades. A chuva, embora possa ser localmente forte e volumosa, não será suficiente para trazer maior impacto na estiagem.

A dinâmica dos temporais

A combinação de umidade mais elevada com temperatura alta proporciona que as condições se tornem propícias para a ocorrência de temporais de chuva torrencial com elevados volumes em curto intervalo, vento forte e granizo nesta época do ano.

Estes temporais se dão principalmente da tarde para a noite, quando se formam nuvens de grande desenvolvimento vertical pelo aquecimento diurno que gera movimentos convectivos (ar ascendente) na atmosfera.

A convecção forma nuvens do tipo Torre Cumulus (TCu) e Cumulonimbus (Cb) que causam os temporais localizados e não raro muitíssimo isolados. Localmente, alguns destes temporais podem ser fortes a severos mesmo com risco de danos.

A projeção de nebulosidade do modelo de alta resolução da MetSul WRF de 3 km indica que da tarde para a noite desta terça devem se formar algumas nuvens de tempestades enormes com topos frios de até -80ºC, ou seja, atingindo grandes alturas na atmosfera, uma sinalização de alto risco de temporais isolados fortes a severos.

A atmosfera estará instável por vários indicadores. Um deles é o índice de instabilidade CAPE que tem altos valores sobre o Sul do Brasil na segunda metade do dia.  O CAPE (Convection Available Potential Energy) é um dos diversos índices de instabilidade usados em Meteorologia para se avaliar o risco de temporais.

Quanto mais quente e atmosfera e menor a pressão atmosférica, maior é o potencial para haja a formação de nuvens muito carregadas e mais alta a probabilidade de temporais localizados de maior severidade.  O ar quente e a umidade são os combustíveis para tempo severo e dias de calor mais intenso apresentam maior probabilidade de tempestades se a atmosfera não estiver muito seca.

Como consultar os mapas

Todos os mapas neste boletim podem ser consultados pelo nosso assinante (assine aqui) na nossa seção de mapas. A plataforma oferece ainda mapas de chuva, geada, temperatura, risco de granizo, vento, umidade, pressão atmosférica, neve, umidade no solo e risco de incêndio e raios, dentre outras variáveis, com atualizações duas a quatro vezes ao dia, de acordo com cada simulação. Na seção de mapas, é possível consultar ainda o nosso modelo WRF de altíssima resolução da MetSul.