Fernando Oliveira

O outono, que começa à 13h14 desta terça-feira (20), caracteriza-se como uma estação de transição do calor do verão para o frio do inverno. A estação começará com o Pacífico sob uma condição de La Niña, o que impacta o clima gaúcho. No decorrer do outono, a tendência é de aquecimento do Pacífico Equatorial Central, o que pode levar ao estado de neutralidade, ausência de El Niño e La Niña.

O outono marca a expectativa pela chegada do frio, mas o começo da estação normalmente ainda tem características térmicas por vezes de verão. A chegada do outono não significa que o calor fica para trás, adverte a MetSul. Alguns dias quentes são normais em abril e maio e devem ocorrer em 2018. Mesmo em junho podem ser esperados alguns dias quentes e deve ser o caso desse ano. Quando há período quente mais prolongado em maio após dias frios há a ocorrência do chamado veranico de maio, mas ele não ocorre todos os anos.
A MetSul espera um outono com predomínio de dias agradáveis neste ano com marcas perto ou acima das médias históricas na maior parte da estação. Os episódios de frio tendem a ser pontuais até maio, eventualmente fortes pela condição atual de La Niña que não raro traz um evento de frio intenso mais cedo, mas não deve ser esperado frio persistente ou prolongado em grande parte deste outono.

O outono, em regra, possui três períodos. No primeiro, até o fim da primeira quinzena de abril, costumam prevalecer as marcas mais elevadas nos termômetros com períodos esporádicos de calor mais forte. Na segunda metade de abril se dá o segundo, quando a freqüências de dias amenos ou frios aumenta e já podem ocorrer, dependendo do ano, até algumas noites com geada. Este período perdura até a metade de maio, quando tem início o terceiro com características climáticas já próximas daquelas observadas no inverno.

Outra marca do outono é a grande diferença de temperatura da noite pro dia. “Trata-se de um dos períodos do ano com maior amplitude térmica e que também proporciona um aumento nos dias de nevoeiro, especialmente a partir de maio”, destaca a meteorologista Estael Sias. Com freqüência, sob condições de céu limpo e ar seco, a temperatura pode variar até 20ºC ou mais no mesmo dia, o que força o uso de roupas mais pesadas no começo da manhã e vestuário mais leve no período da tarde.

O Oeste e o Sudoeste do Estado têm maior propensão a ter temperatura média mais baixa com um maior número de dias com madrugadas frias. Comum no outono é a ocorrência de bruscas mudanças de temperatura. “Muitas vezes na estação frentes frias avançam e as marcas nos termômetros que podem estar acima de 30ºC imediatamente antes da chegada da frente podem cair para valores entre 0ºC e 10ºC em poucas horas”, destaca Estael Sias.

Estas mudanças não raro são acompanhadas de vento forte do quadrante Oeste, do tipo Minuano, quando da presença de um ciclone mais intenso no Atlântico. O vento forte costuma vir com ciclones extratropicais (sistemas de baixa pressão), fenômeno que se torna mais freqüente justamente a partir do outono e que impulsiona o ar polar para o Sul do Brasil. As rajadas costumam variar, em média, entre 50 e 100 km/h, dependendo do posicionamento do sistema de baixa pressão. Em alguns casos mais extremos, as rajadas ultrapassam 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho com fortes ressacas do mar na costa.

O outono caracteriza-se ainda por uma mudança no regime de chuva. Enquanto no verão as precipitações se originam mais de nuvens carregadas que se formam pelo calor e a umidade alta, a partir do outono a chuva passa a ter como causa principal a passagem de frentes frias e centros de baixa pressão. Em junho, não raro, se produz a atuação de frentes quentes, muito menos comuns aqui que as frentes frias e que quando ocorrem trazem altos volumes e ainda temporais. O outono é a época do ano com menor freqüência de temporais no território gaúcho, mas tempestades ocorrem quando há bruscas trocas de massas de ar e podem ser até muito severas e com danos, inclusive com histórico de tornados, especialmente quando da passagem de frentes frias fortes associadas a ciclones extratropicais.

Quanto à chuva, observam os meteorologistas da MetSul, a expectativa é que o outono deste ano seja marcado por precipitações irregulares com a maior parte da estação ainda com chuva abaixo da média, especialmente na Metade Sul. Os volumes tendem a ser mais altos na Metade Norte. Com isso, não se antecipa uma reversão rápida do quadro de déficit hídrico nas localidades com baixos níveis de reservatório ou racionamento de água. Alguns eventos de precipitação excessiva devem ser esperados, mas serão pontuais. À medida que o inverno se aproxima há uma tendência de aumento dos índices de precipitação e uma melhor distribuição espacial da chuva.