O mês de março marca a transição do verão para o outono e os dias ainda têm mais características da estação quente do que a das folhas. É o primeiro mês do chamado outono meteorológico ou climático compreendido pelo trimestre de março a maio, mas pelo critério astronômico o outono somente tem início no dia 20 às 12h33.
Uma vez que as características climáticas do mês ainda são mais próximas do verão do que do outono, os dias de calor e as pancadas de chuva passageiras e localizadas são comuns, mas à medida que o mês se aproxima do fim cresce o número de dias com a temperatura mais agradável, e às vezes até com frio durante a madrugada e cedo da manhã.
Em Porto Alegre, a temperatura mínima média histórica de março (série 1961-1990) é de 19,3ºC e a temperatura máxima média de 28,2ºC, quase 2ºC inferior às médias máximas de janeiro e fevereiro. A precipitação média mensal histórica na capital gaúcha é de 104,4 mm, muito próxima da média de chuva da maioria dos meses do ano.
Março em 2022 transcorrerá ainda sob influência do fenômeno La Niña que persiste no Oceano Pacífico Equatorial. De acordo com o último boletim da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) está em -0,8ºC, portanto no patamar de fraca intensidade (-0,5ºC a -0,9ºC).
Neste ano, o mês de março que recém começa terá um padrão de chuva abaixo da média em grande parte do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil com precipitações irregulares, mas não deixam de ocorrer temporais isolados e passageiros com grandes volumes de precipitação em curto período. A chuva pode ficar muito abaixo das normais históricas, por exemplo, em diversas regiões de Minas Gerais. No Sul do Brasil, a chuva terá maiores volumes na Metade Norte gaúcha, Santa Catarina e o Paraná, apesar de irregular e com grande variabilidade em volume.
Chamamos atenção que áreas mais a Leste da Região Sul e parte da costa do Sudeste, sobretudo em São Paulo, podem ter desvios positivos de precipitação com acumulados muito altos a excessivos neste mês em diferentes cidades destas áreas mais próximas do oceano e a Leste da Serra do Mar.
Isso pode estar associado a eventos de infiltração de umidade do mar com vento Leste e que não raro resultam em episódios de chuva excessiva em áreas costeiras ou próximas junto à Serra do Mar pelo efeito de orografia (relevo), especialmente entre o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e o litoral do Rio de Janeiro.
Este tipo de situação oferece maior risco, pelas características de topografia e densidade populacional, em especial no Leste de Santa Catarina e nos litorais de São Paulo e Rio de Janeiro quando há o avanço de uma massa de ar frio na costa com aporte de umidade a partir do oceano.
É importante enfatizar que modelos de clima são destinados a estabelecer tendências de um padrão regionais e não locais, logo mesmo que a simulação esteja indicando para uma região chuva abaixo da média é possível que cidades ou pontos nesta região possam terminar o mês com chuva acima da média porque o modelo de clima (longo prazo) não se presta a antecipar eventos de chuva volumosa localizados, estes previstos pelos modelos de tempo (curto prazo).
Já a temperatura deve ficar acima da média em quase todo o Centro-Sul do Brasil neste mês de março com os desvios positivos mais expressivos entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste. No Rio Grande do Sul, a temperatura na maioria das regiões deve ficar perto ou um pouco acima da média com possibilidade de a temperatura ficar mais perto das normais históricas ou mesmo abaixo em alguns pontos mais ao Sul.
A primeira quinzena de março será mais quente. Isso porque os primeiros dez dias do mês devem ter o predomínio de dias de temperatura acima da média e alguns de forte a intenso calor no Sul do Brasil. Entre a segunda e a terceira semana do mês ingressaria uma massa de ar frio que traria sequência de dias de marcas mais amenas e agradáveis, inclusive com frio à noite em diferentes cidades, especialmente de Serra.